O gestor público quando erra sucessivas vezes e se acostuma com esses erros, pode, no seu inconsciente, estar determinando um comportamento que já não atende ao que prometeu, mas sim às suas necessidades de continuar aparecendo em evidência e compondo justificativas que só servem para ele e para o seu grupo.
Exatamente isso o que está acontecendo com o atual governador do Estado do Amapá. Quando percebe que, por mais que se esforce, não consegue se aproximar da população e muito menos de lideranças que têm a compreensão dessa mesma população, então busca forças com aqueles que também passam pela situação dele, mas que estão dispostos à aproximação desde que tenha alguma vantagem.
É claro que tudo isso acaba trazendo mais dificuldades, o que obriga a tomar medidas, às mais inexplicáveis, desde que levada em consideração a verdadeira realidade e o que espera a população do seu governador.
O governador está com dificuldades para acalmar os seus aliados, cada um querendo tirar uma “casquinha” – não do Governo, mas do governador que não tem a força suficiente para dizer um não, para indicar uma solução que contrarie um dos seus aliados. Em consequência começam a surgir as irresponsabilidades, a maioria delas provocada pela necessidade de revanche a um fato principal: a malquerença demonstrada pelo povo.
A partir dessa etapa o que sobra é a alternativa de agradar os membros do seu grupo e atrair membros de grupos que precisam imediatamente de um afago, especialmente quando não lhe cabe um compromisso verdadeiro, mas aquele que pode oferecer-lhe um pouco de ar.
O Gabinete do Governador se tornou o ambiente propício para acalmar os “aliados” de última hora, mesmo que a rejeição seja explícita. Assim, o Gabinete se tornou o local para se agasalhar as vontades dos “novos parceiros”, mesmo que para isso tivesse que elevar, por exemplo, o teto do que paga para o chefe de gabinete em Macapá, passando de R$ 11.920,00 para R$ 17.880,00, um aumento de 50%, dados este ano. O chefe do Gabinete em Brasília recebeu aumento maior, 221,81%, passado de R$ 6.623,03, salário do início do ano, para R$ 21.313,03 agora no meio do ano.
Outros números também mostram a ”bondade” do atual governador com os seus aliados, agasalhando no órgão “Gabinete” 216 funcionários, dos quais 68 são gerentes e 59 são assessores. Isso mesmo, entre gerentes e assessores são 127 pessoas que recebem pelo Gabinete do Governador, que gasta por mês mais de 827 mil reais.
Na Representação do Governo do Estado, em Brasília, estão listados 28 funcionários, dos quais 14 são assessores e 2 são gerentes, 57,14% da força de trabalho. É dinheiro desperdiçado para acalmar os “novos” aliados, sem a licença do povo.