A recente inspeção feita pela Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público do Amapá (MP/AP), no Hospital de Clínicas Alberto Lima (HCAL), revelou para todos situação absolutamente preocupante, mas que retrata o momento do principal centro de prestação de serviços de saúde a cargo do governo estadual à população amapaense.
Logo no início da inspeção foi constatado que os serviços de execução de obras, inclusive do Centro Cirúrgico, estão completamente parados, estando ainda sem qualquer equipamento básico, afrontando o cronograma anunciado e que teve a sua primeira versão elaborada ainda no governo anterior, em 2013/2014.
Instados, representantes da Secretaria de Infraestrutura informaram que a interrupção da reforma deve-se (imaginem!) à não providência para a liberação das áreas indispensáveis ao andamento da dita reforma, citando como exemplo a Central de Materiais e Esterilização (CME).
A versão dada pela administração do Hospital de Clínicas Alberto Lima (HCAL) para o constatado é de que falta a instalação da rede de ar comprimido, utilizado pelas autoclaves (máquinas de esterilização), que já fora solicitado, porém sem dada prevista para ser realizada.
Continuando a inspeção os representantes do Ministério Público do Amapá foram até aos locais recém-reformados para verificar a qualidade dos serviços prestados à população e anotaram que no setor de imagem apenas o aparelho de Raios-X está funcionando. O aparelho de ultrassonografia está quebrado e o exame está sendo realizado com a utilização de um aparelho portátil, com baixa qualidade da imagem, o que pode comprometer o diagnóstico. Não estão sendo realizadas no HCAL a ultrassonografia de tireóide e a ultrassonografia de mama.
Outro importante aparelho que não funciona há mais de um ano é o tomógrafo, com problemas técnicos e já com o assunto sendo motivo de audiência recente com autoridades estaduais que se comprometeram a fazer o reparo com urgência, mas não cumpriram a promessa, permanecendo aquele hospital, até hoje, sem poder realizar os exames de tomografia.
No momento o eletroencefalograma está sem uso por falta de médio para emitir os lados. A informação prestada é de que o médico do setor está de férias e não foi designado outro profissional para substituí-lo. Os procedimentos que necessitam de sedação não estão sendo realizados por falta de anestesista. Nos casos de endoscopia e colonoscopia, devido o hospital contar com apenas um tubo flexível utilizado nos aparelhos, os exames são feitos apenas nos pacientes internados na nefrologia ou oncologia.
Na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) foi constatado que continuam faltando os itens básicos como: Dipirona, Hidrocortisona, Aminofilina, Plasil, Ranitidina, Omeprazol, dentre outros. A direção do hospital informou que para amenizar a situação vem comprando medicamentos via fundo rotativo, alegando a falta na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF).
Dos 11 leitos de UTI foi constatado que apenas 6 estão funcionando, devido à falta de ventiladores pulmonares. Um dos médicos do setor desabafou dizendo: “fiz curso de medicina, não de milagres”. Até os exames de gasometria, necessários para pacientes em UTI, estão terceirizados, além do que, desde o dia 13 de julho, os pacientes da UTI e Unacon estão sem possibilidade de fazer os exames de hemogasometria.
Este cenário, além de indesejado, está impossibilitando a internação de pacientes eletivos e implicando no cancelamento de cirurgias que já haviam sido marcadas.
A situação constatada é grave e que precisa mudar com urgência para que os serviços prometidos e esperados pela população voltem a ser prestado, no atendimento da população que se sente cada vez mais desassistida pelo governo estadual.