Apesar de serem poucas as obras de infraestrutura administrativa iniciadas e concluídas pela atual gestão estadual, é importante ser revestida de cautela as inaugurações feitas de afogadilho, com o objetivo de constar no rol de realizações que serão enumeradas e apresentadas durante a campanha eleitoral.
O eleitor precisa estar atento ao comportamento dos cabos eleitorais, alguns travestidos de funcionários públicos, cargos que exercem precariamente como paga pelo esforço que fizeram levantando e movimentando a bandeira do partido durante a campanha eleitoral de 2014.
Há uma espécie de necessidade, nesse momento, de apresentar realizações que ainda estejam pela metade ou no pensamento daqueles que estão dirigindo o Estado nestes últimos anos.
A inauguração de um prédio, seja qual for a finalidade, deve contar com uma equipe de pessoas que possam fazer do ambiente físico um local útil para prestar serviço de atendimento à comunidade.
O que se tem observado é que as inaugurações feitas recentemente não contaram com essa preocupação. Apenas à guisa de exemplo vamos analisar duas obras inauguradas no interior do Estado que, mesmo considerado o tempo da demora, quase ficam de fora do catálogo de obras feitas na gestão: o quartel do corpo de bombeiros militar de Porto Grande e a praça cívica de Oiapoque.
Todos sabiam que para funcionar o quartel da sede do município de Porto Grande haveria necessidade de pessoas treinadas, desde oficiais até os soldados. Mesmo assim, depois da inauguração do prédio percebeu-se que não havia sido prevista a lotação.
E agora, o que fazer?
Restou a convocação de urgência de soldados, cabos, sargentos, aspirantes e oficiais para que fosse espantado o “elefante branco” que tomava conta das mentes e corações dos desatentos gestores e criava outros fantasmas sabendo da resposta da população e o aborrecimento dos eleitores.
A outra inauguração é a da Praça Cívica de Oiapoque, que foi completamente destruída em 2009 pelas autoridades públicas do governo de então, com a promessa de que antes de 2010 estaria tudo restaurado e pronto para uso da população.
Passaram-se 9 anos. Isso mesmo, nove anos, para que fosse entregue, muito mais para ser colocada no catálogo de inaugurações da gestão, do que para atender às necessidades da comunidade do local que viu passar todo esse tempo, sempre carregado de desculpas e promessas não cumpridas.
Pois bem, a obra finalmente foi “inaugurada”.
Festa oferecida para a população que participou de longe, desconfiada, pois tinha acompanhado todo o moroso serviço (e bote moroso nisso…) e desconfiava dos resultados, devido à mudança do projeto que havia sido mostrado quando foi feita a derrubada da praça anterior e colocado o tapume que mais parecia uma cerca de proteção e que caiu mais de uma vez.
Bastou uma chuva para aparecer o resultado do serviço mal feito!
A drenagem não funcionou, a água ficou retida, as instalações elétricas distribuíram energia por onde não podia — até um parquinho para crianças ficou energizado, criando preocupação para os pais e um perigo iminente para os pequeninos.
As notícias também narram que os banheiros estavam entupidos, as pias sem torneiras e não havia apoio ao frequentador.
Esqueceram-se da vigilância, das orientações aos usuários e logo no primeiro dia de uso foi registrada a ação de vândalos. A população foi tomada pelo medo devido às armadilhas elétricas que se formaram com a água invadindo o sistema energizado.
O Governo emitiu nota sobre o assunto, recuou da informação que havia passado para a imprensa de que a Praça Ecildo Crescêncio havia sido inaugurada, e que por isso os problemas detectados ainda seriam corrigidos.
Simplesmente blefes!