As eleições de 2018 estão marcadas pelas interpretações jurídicas que não são entendidas pelos eleitores. Mais uma vez as autoridades da Justiça Eleitoral, apesar de toda a sua imperialidade, estão encontrando dificuldades para explicar para o eleitor, que deveria ser o protagonista de todo o processo, as medidas tomadas e que foram modificadas induzindo esse eleitor a erro.
O eleitor não tem que estar lendo o manual mutante da eleição para poder votar. Tendo dificuldades para separar as propostas dos candidatos, algumas contrárias aos seus interesses ou com nenhuma chance de prosperar, ainda ter que, no momento do voto saber se o seu voto vai para a “geladeira” ou será contado e totalizado.
Pois isso aconteceu nas eleições de 2018, quando na véspera do dia da eleição, o órgão responsável pela organização, soltou “nota de esclarecimento” que nada esclareceu e ainda confundiu o eleitor que saiu de casa, enfrentou a fila, votou nos seus candidatos e não teve o seu voto contado.
Essa é uma grande decepção para o eleitor que é convocado, com ameaça de pena, para comparecer à seção eleitoral e votar, não tendo o seu voto apurado ou, se apurado, não contado – e pior: considerado nulo.
Que culpa tem o eleitor dessa confusão toda que foi criada? Quem é o responsável por essa mesma confusão?
Até agora todo mundo alega que é vítima, que foi prejudicado, mas isso é impossível. Em todo fato tem, no mínimo, as duas faces e, até agora apenas uma – a dos prejudicados – está conhecida.
Onde está a outra face desse fato? Esse fato é jurídico ou está nos limites dos administradores do processo?
Apesar de o Amapá se constituir em um colégio eleitoral pequeno, para o eleitor amapaense é o mais importante. É a partir dele que pretende escolher os seus representantes e dirigentes e, mesmo com toda essa esperança aflorada ninguém explica a decisão tomada de colocar milhares de votos em um “saco” e jogar no lixo, se perpetuando na história das eleições no Amapá.
O elevado índice de abstenção nas eleições de 2018, que informou o total de 85.442 eleitores que deixaram de comparecer para votar, mesmo estando habilitados, precisa ser considerado e estudado, sem partir da costumeira marca da punição, mas de uma análise sociológica e que possa modificar, para melhor, esse resultado.
85.442 eleitores corresponderia a um segundo (e fictício) colégio eleitoral do Estado do Amapá, menor apenas daquele do município de Macapá e sendo maior que os colégios eleitorais, somados, de Amapá, Calçoene, Cutias, Ferreira Gomes, Itaubal, Pedra Branca, Porto Grande, Pracuuba, Serra do Navio, Tatarugalzinho e Vitória do Jari. Esses onze colégios eleitorais amapaenses, somados, totalizam 77.488 eleitores aptos a votar.
Parte do total desta abstenção de 16,69% – que é a maior dos últimos tempos no Estado do Amapá–, tem muito das decisões tomadas pelos organizadores, desde aquelas tomadas cautelarmente, até aquelas decisões “definitivas” modificadas liminarmente por ministros do TSE.
O eleitor precisa ser tratado melhor para que considere a obrigação de votar, um dever prioritário.
Chega de erros e de punições apenas para os eleitores. Os organizadores estão acumulando muitas falhas.