Tanta disputa, tantos discursos para não mudar nada. Tanto discurso e tantas promessas para permanecer como está. A reeleição de Waldez Góes tem apenas uma novidade – o vice.
Jaime Nunes tem o compromisso de fazer diferente. De estabelecer relações mais republicanas entre os poderes, especialmente entre a Assembleia Legislativa e o Palácio do Setentrião.
A população ainda não esqueceu o que falou e escreveu o vice-governador eleito em 2014, e que renunciou em 7 de agosto de 2018, 3 anos e 7 meses depois da posse. Na Carta-renúncia dirigida ao presidente da Assembleia Legislativa, Papaléo Paes disse: “a sociedade não quer só discurso, quer sem dúvida ação, na esperança de ser esse um país mais justo, solidário, compromissado com as ideias de Justiça, do Direito, da Democracia, da Liberdade e da Cidadania”.
Na conversa com a imprensa acusou secretários do Governo do Estado e que, curiosamente, estavam sob a sua tutela ou sob a tutela do Gabinete do Governador, do governo que integrava e responsável pela nomeação e exoneração de cada um e de todos. Houve pedidos de apuração, nota de repúdio e desafios, isso na cabine de comando do Governo do Estado, para depois tudo ser jogado para “debaixo do tapete”.
Esses episódios acabaram marcando e dando motivos para que fosse exigido um controle mais efetivo no processo de gestão do Governo do Estado o que, provavelmente não foi acionado porque se entrava no período reservado para a campanha eleitoral e, como havia a busca da reeleição pelo atual governador, esses assuntos faziam parte daqueles considerados proibidos tratar no período.
A definição do primeiro turno no Amapá não foi fácil. Um imbróglio sem tamanho foi criado depois que o Tribunal Regional Eleitoral indeferiu o registro de candidatura do candidato João Capiberibe, do PSB, e o recurso especial interposto no Tribunal Superior Eleitoral que acabou originando decisão inédita e “legislativa” alterando o caput do art. 91 do Código Eleitoral que está em vigor.
Depois do primeiro turno, quando foram definidos os adversários que disputariam o Governo do Estado em segundo turno, a campanha eleitoral se encarregou doutros problemas: primeiro com a espera por nove dias da definição de quem disputaria o segundo turno com o pleiteante à reeleição e, depois, com as medidas emergenciais das duas coordenações de campanha que não agradaram nem mesmo os próprios candidatos.
Quando os dois perceberam já estavam na última semana da eleição e os 11 (onze) dias de campanha foram levados no sentimento e na raça pelos dois disputantes.
O reflexo mais significativo foi o recorde de 22.88% apurados na coluna da abstenção, deixando que apenas 77,12% do eleitorado decidissem. Foram 117.123 eleitores que deixaram de comparecer para votar, tal a falta de interesse que alimentou a campanha no segundo turno. O número de eleitores que não votaram no segundo turno (117.123) é quase igual ao número de eleitores do segundo colocado no primeiro turno (119.500). Se somar com brancos e nulos, então…
A diferença de menos de 20 mil votos entre o primeiro colocado e o segundo colocado demonstra quão apertado foi o “placar”.
São mais quatro anos do mesmo time que precisa de reforço e de objetivos definidos e uma chance de tirar a crise do conjunto de desculpas.