Quem está fazendo as contas e acha que vai se aposentar no ano que vem com a fórmula 85/95 terá uma decepção. Não vai dar para fazer isso.
A partir de 31 de dezembro deste ano, a fórmula aumentará um ponto e virará 86/96. Assim, para se aposentar, será preciso que a soma da idade com o tempo de contribuição seja de 86 para as mulheres e 96 para os homens. Por exemplo, um homem precisa ter 35 anos de contribuição e 61 anos de idade (35 + 61 = 96).
O aumento na pontuação ocorre de tempos em tempos e está previsto desde o começo da lei, em 2015. Chegará a 90/100 no último dia de 2026.
Veja o calendário:
18/06/2015 a 30/12/2018: 85 para mulheres / 95 para homens 31/12/2018 a 30/12/2020: 86 para mulheres / 96 para homens 31/12/2020 a 30/12/2022: 87 para mulheres / 97 para homens 31/12/2022 a 30/12/2024: 88 para mulheres / 98 para homens 31/12/2024 a 30/12/2026: 89 para mulheres / 99 para homens A partir de 31/12/2026: 90 para mulheres / 100 para homens.
Qual a vantagem de se aposentar por essa fórmula?
Entre os tipos de aposentadoria do INSS está a de tempo de contribuição. Nessa categoria, é possível escolher se aposentar pelo fator previdenciário ou pela fórmula 85/95 progressiva, em vigor desde 2015.
Fator previdenciário: não há idade mínima para pedir o benefício. Basta ter ao menos 30 anos de contribuição (mulheres) ou 35 anos (homens) para ter direito. Porém, há o desconto do fator previdenciário, um índice que reduz o valor do benefício de quem se aposenta cedo. Esse índice varia de acordo com a idade e o tempo de contribuição e é atualizado todos os anos de acordo com a expectativa de vida dos brasileiros.
Fórmula 85/95 progressiva: é preciso que a soma da idade com o tempo de contribuição seja de 85 (mulheres) ou 95 (homens). A partir do dia 31 de dezembro, a pontuação será de 86/96. É preciso cumprir o tempo mínimo de contribuição de 30 anos, para as mulheres, e 35 anos, para os homens. Quem se enquadra nessa regra tem direito a receber uma aposentadoria sem desconto do fator previdenciário.
O que significa receber aposentadoria sem desconto do fator?
Na hora de calcular o valor da aposentadoria, o INSS faz uma média salarial que considera os 80% maiores salários de contribuição desde julho de 1994. Se escolher se aposentar pelo fator, o INSS aplica o índice de desconto nessa média. Se esperar atingir os requisitos da fórmula 85/95, o segurado não terá esse desconto e receberá o valor correspondente à média salarial.
Portanto, ter direito à aposentadoria integral, sem desconto, não significa necessariamente que o segurado vai receber o mesmo valor do último salário que ganhava nem que ganhará o teto previdenciário (R$ 5.645,80, em 2018). O valor dependerá de quanto é a média salarial desse segurado.
Como saber se posso pedir aposentadoria pelo 85/95?
O primeiro passo é saber o tempo total de contribuição. O segurado pode consultar a carteira de trabalho e carnês de contribuição. Outra opção é simular o tempo de contribuição ou verificar o extrato previdenciário (Cnis) no site e o aplicativo de celular Meu INSS. Será necessário cadastrar uma senha. Também é possível agendar um atendimento em uma agência para solicitar o extrato previdenciário.
O segundo passo é somar a idade com período de contribuição, lembrando que, além da soma, é preciso cumprir o tempo mínimo de pagamentos de 30 anos (mulheres) ou 35 anos (homens). Confira os exemplos:
1) Mulher com 55 anos de idade e 30 anos de contribuição 55 + 30 = 85 (Ela pode se aposentar pela fórmula em 2018);
2) Homem com 61 anos de idade e 34 anos de contribuição 61 + 34 = 95 (Não pode se aposentar. Apesar de ter a soma 95, ele não tem os 35 anos de contribuição).
Os segurados devem lembrar também que os meses contam na hora de fazer a soma da pontuação. Isso quer dizer que se a mulher tem 54 anos e seis meses de idade e tem 30 anos e seis meses de contribuição, ela pode se aposentar pela fórmula. Os seis meses da idade mais os seis meses do tempo de contribuição somam um ponto.
De olho no tempo de contribuição
Segundo o advogado previdenciário Rômulo Saraiva, quem está se preparando para pedir a aposentadoria deve olhar seu passado profissional para saber se há algum período que não foi considerado e que garante um tempo maior de contribuição. “Períodos trabalhados em atividade prejudicial à saúde, como aluno-aprendiz, serviço militar e trabalho rural, por exemplo, podem aumentar as contribuições.”
Além de verificar se há algum período que não foi considerado, o advogado previdenciário Thiago Luchin disse que o ideal é não deixar a organização dos documentos para a última hora. “Pode acontecer de o segurado ter um problema em um vínculo de trabalho ou a empresa ter fechado. Nesses casos, leva mais tempo para conseguir os documentos. A dica é organizar os papéis o quanto antes e deixar tudo pronto.”