O ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni, ficou de alma lavada. Foi derrotado na disputa na Câmara dos Deputados, com a reeleição de Rodrigo Maia, do DEM do RJ, mas comemorou a vitória de Davi Alcolumbre, do DEM do AP no Senado.
Motivo: Davi é alinhado com Onix e teve uma candidatura que começou a ser pensada em novembro, em um movimento para barrar a volta de Renan Calheiros do MDB de AL ao comando do Senado.
Em entrevista, Onyx Lorenzoni atribui a vitória ao sentimento de mudança pela “nova política” no Senado, assim como aconteceu nas eleições presidenciais. Afirmou que Renan Calheiros – que está na mira de investigações – o chamou para a briga algumas vezes, mas que ele não foi “porque sabe o seu lugar” de ministro. “Se eu fosse deputado, eu já tinha ido”, afirmou.
Onyx admite que fez campanha para Davi, mas nega que o governo tenha interferido com a máquina. “Ganhamos na política. Se Renan tivesse ganhado, ia ser com o PT. Ele não esperava o Davi como candidato, o homem certo na hora certa. Davi tem essa habilidade com os colegas, uma espécie de ‘Jair Bolsonaro do Senado’. Ele é um craque das relações, não tem ninguém que não goste dele. Aí, um dia o Davi ganhou do Golias”, disse.
O ministro afirma não temer a oposição de Renan, se o emedebista quiser se vingar do governo no plenário, durante votações: “Vamos para o enfrentamento, isso é democracia”, disse.
Na avaliação do ministro, ganhou a nova política. “A derrota dele vai fazer bem para o país, ele estava junto ao PT há quanto tempo? Pois bem. O Senado se reencontrou com as ruas”, analisou.
Perguntado se a concentração de poder do DEM – que agora comanda as duas Casas Legislativas – poderá incomodar aliados e prejudicar o governo, o ministro respondeu: “No caso do Rodrigo Maia, foi maior do que o DEM. Tanto que ele ganhou com votos de esquerda, ele é muito articulado e respeita muitas divergências. Então, tem essa qualidade de conseguir votos de diferentes áreas. Sobre o resto: o MDB comandou o Senado por duas décadas e ninguém falou nada”.
Na segunda-feira, dia 4, o ministro levou ao Congresso a mensagem presidencial para ser lida aos parlamentares na reabertura dos trabalhos do Legislativo.

Reforma da Previdência
Em entrevista adiantou, na sexta-feira, dia 1.º de fevereiro, que a “previsão” é de que a reforma da Previdência seja enviada pelo governo em fevereiro.
Também em entrevista lembrou que, somente com os votos da base do governo, poderá ser difícil aprovar a reforma da Previdência, em especial porque o governo de Jair Bolsonaro mudou a forma como organiza a base de apoio.
As mudanças nas aposentadorias e pensões serão analisadas em uma proposta de emenda à Constituição (PEC), que exige o voto de ao menos 308 dos 513 deputados em dois turnos.
“O presidente começa o seu governo organizando a base de outra forma. Eu não tenho clareza se ele tem o espaço necessário para ter os 308 votos”, disse.