Na semana passada escrevi o artigo “Um mau exemplo e um Decreto” fazendo uma referência à medida tomada e que sacrificou um cadeirante, servidor público, por absoluta falta de sensibilidade das autoridades encarregadas de gerenciar os problemas públicos apresentando soluções adequadas para questões sociais e de ocupação.
Pois bem, sem quaisquer cuidado para não serem injustos, os responsáveis pelo organismo público mandaram que fosse interrompido o vínculo empregatício com quem mais precisa, não só no aspecto individual, mas para manter um mínimo da relação social que é fortalecida quando lhe é dada a oportunidade de ser cidadão na expressão da palavra.
O nome do injustiçado é Ismael Carlos de Souza Barbosa, um deficiente físico desde o nascimento, cadeirante desde quando pôde sentar numa cadeira de rodas, mas provando para a família e os amigos que é capaz, inteligente, estudioso deste quando se tornou um exímio tecladista e mais tarde, depois de vencer as barreiras naturais decorrentes da deficiência física, fez curso superior e, além de sua formação fala, com fluência, o francês e o espanhol e está bem encaminhado em inglês.
Há 10 anos no serviço público, já trabalhou na Secretaria de Estado do Turismo e, recentemente, até o dia da demissão, trabalhava como servidor da Escola de Música Walkiria Lima e desde a inauguração do prédio, inacabado, que fica na Praça da Bandeira no Centro de Macapá e que, apesar de conter no projeto, o elevador não foi instalado ou não está funcionando.
Devido a essas circunstâncias, Ismael Carlos de Souza Barbosa, o cadeirante, ficava no hall de entrada do prédio atendendo as pessoas. Era apresentado também como uma prova da bondade do governo, que em plena campanha eleitoral disseminava o slogan “cuidando das pessoas e das cidades”. Naquele momento o Ismael era uma pessoa!
No começo de janeiro deste ano de 2019 o governador, que tomara posse para mais 4 anos de mandato, tendo como vice-governador um grande empresário do Estado, baixou um Decreto criando um comitê que chamou de “Comitê de Controle e de Qualidade do Gasto Público (CQG)” e entregou a coordenação ao vice-governador Jaime Nunes.
Havia no Decreto uma proposta para que fosse feita a reorganização da força de trabalho, repactuação de contratos de prestação de serviços terceirizados, reavaliação de auxílios e subvenções, redução das despesas de material de consumo, reprogramação dos cronogramas de licitação, entre outros.
Foi nesse ambiente que um cadeirante foi sacrificado, recebendo a Portaria de Exoneração do cargo de confiança que ocupava, recebendo em torno de dois mil reais, e sendo empurrado para o abismo do desemprego, depois de servir de referência a uma administração que diz cuidar das pessoas.
O Caso Ismael Carlos precisa de uma investigação social a ser feita pela Secretaria de Estado da Mobilização e Inclusão Social (SIMS), que tem como secretária Albanize Colares, uma advogada sensível ao seu mister e comprometida com as questões sociais do Amapá.
A investigação vai descobrir que a mãe dele está acometida de uma doença grave e que faz tratamento em Barretos (SP), e o pai está desempregado, trabalhando sem receber remuneração, na Rádio Difusora de Macapá, sempre na expectativa de ser recebido pelo governador ou pelo vice-governador para certificações.
Como já foi dito no artigo anterior, a família mora em uma das últimas ruas do Bairro Zerão. O contato, inclusive anônimo, pode ser feito pelo telefone (96) 9 9196 5497.