Partido quer se tornar versão mais moderada do bolsonarismo e do PSL, defendendo pautas conservadoras nos costumes e liberais na economia.
Nascido em 2005 com a finalidade de reunir políticos evangélicos oriundos de diversas legendas, o Partido Republicano Brasileiro (PRB), que teve José Alencar como vice-presidente da República durante o governo Lula, anunciou que iniciará o processo para mudança de nome, o oitavo desde o início da última legislatura, há quatro anos.
O PRB se chamará Republicanos, repetindo o movimento de retirada da expressão “Partido” ocorrida em todos os casos anteriores. Dos oito, seis passaram a ser representados apenas por uma palavra. Todas as mudanças, de nome e estatuto, precisam de aprovação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Com o movimento, o partido quer deixar para trás o histórico de aliança com a esquerda e criar um movimento independente do bolsonarismo, que é descrito como um exemplo de uma direita “radical”.
As linhas de trabalho, porém, serão as mesmas de Jair Bolsonaro na campanha vencedora do ano passado: os Republicanos serão conservadores nos costumes e liberais na economia. A diferença, dizem, é que o discurso será menos extremado e haverá mais convicção no liberalismo.
Os principais nomes do PRB, hoje, são o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira, presidente nacional da legenda, e o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, ambos religiosos licenciados da Igreja Universal. Diferenciar-se de outras siglas que militam no campo conservador, especialmente do PSL de Bolsonaro, atende a uma estratégia: a sigla já mira em 2022.
O plano é aumentar o número de prefeitos e vereadores no ano que vem de forma significativa para, se possível, ter um nome competitivo na próxima disputa presidencial.
“Não mudaremos só de nome. Mudaremos de postura. Estamos preparando o partido agora para os próximos 15 e 20 anos”, diz o deputado Marcos Pereira (SP).
O partido vem crescendo a cada eleição. Passou de 54 prefeitos em 2008 para 106 em 2016. No mesmo período, o número de vereadores saltou de 780 para 1.604. A bancada na Câmara tem hoje 31 deputados federais e é a oitava maior da Casa, à frente de legendas tradicionais como o PSDB e o DEM.
Na avaliação da cúpula, porém, para dar um salto daqui em diante seria preciso dar ideologia à sigla, que tinha um programa generalista. Isso ficou claro, segundo Pereira, já em 2016, em que a busca por um nome de fora da política apareceu nas eleições municipais, sinalizando o desgaste das siglas tradicionais.
No fim de 2017, Pereira montou então um grupo para estudar qual seria a cara do “novo PRB”. Era preciso se distanciar de siglas vistas como “fisiológicas”. Faltava identidade ao partido, que tinha histórico de participar de administrações variadas.

Mudanças
Em 2007, o Partido da Frente Liberal (PFL) sofria um intenso desgaste. Nascida de uma divisão da Arena, partido de sustentação da ditadura militar, a legenda foi uma das responsáveis por permitir a vitória da oposição, liderada por Tancredo Neves e José Sarney, no colégio eleitoral de 1985. Pouco mais de vinte anos depois, o encolhimento do PFL era a síntese das dificuldades da oposição à direita durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A solução adotada, à época, foi a refundação do partido, que é o atual Democratas (DEM). Hoje, a legenda voltou a ocupar posições de relevância no cenário nacional, tendo, entre outros, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, e o prefeito de Salvador, ACM Neto.
No último ciclo eleitoral, a tática representou uma redução da “sopa de letras”, com uma proliferação de partidos conhecidos por uma única palavra. São os casos do PTN e PEN, partidos nanicos que se transformaram em Podemos e Patriota e lançaram as candidaturas de Alvaro Dias e Cabo Daciolo à Presidência da República em 2018. Além destes, o PTdoB virou Avante e o Partido Progressista virou Progressistas (apesar de manter a sigla PP).
Neste ano, o movimento continuou com o PPS, que foi refundado e iniciou o processo para se chamar Cidadania. Os que mudaram a nomenclatura, mas continuaram utilizando siglas, foram o PMDB, que retornou às origens e voltou a se chamar MDB e o Partido da Social-Democracia Cristã, legenda do eterno candidato José Maria Eymael, que simplificou seu nome e se tornou Democracia Cristã (DC).