Rodolfo Juarez

Estou perplexo com as notícias vindas da educação no Estado do Amapá que, de um lado ocupa as piores posições no ranking comparativo publicado pelo senso escolar, e, de outro, vejo os anúncios e a declaração de vontade dos professores do estado, tendo como guia o sindicato da categoria, entrarem em greve e, com isso prejudicar o período letivo e, ainda mais, o aprendizado dos alunos.
Os professores alegam que sem a correção salarial anual, com antecipação de apenas 30% do décimo terceiro salário, e com a manutenção do parcelamento do salário, os prejuízos decorrentes dessa situação são suficientes para que entrem em greve, paralisando o sistema de educação estadual e criando uma série de problemas para os alunos, pais de alunos e para os interesses de cada um dos cidadãos.
Do outro lado, o principal produto dos professores, que seria um ensino de excelência não é discutido, nem pelos próprios professores e muito menos pelos gestores da educação estadual, que não cobram e muito menos se mostram interessados pelos resultados dos alunos e com o constrangimento de estar o Amapá sempre na rabeira quando comparado com as outras unidades da Federação no quesito resultado do ensino público.
O retrato da educação no Estado é preocupante e já oferece a certeza dos prejuízos sociais que decorrerão da situação que foi constatada.
Os alunos, tanto do ensino fundamental como do ensino médio, que estão na sala de aula, estão muito defasados na comparação do ensino com a série ideal, considerando a idade de cada aluno. Essa defasagem projeta o aluno perdendo tempo de vida escolar e o Estado do Amapá perdendo potencial na comparação com os outros estados.
Mais de ¼ dos alunos amapaenses do ensino fundamental estão atrasados com relação à idade, fato que é considerado uma distorção. Nesse módulo, o Ensino Fundamental nas escolas públicas do Amapá registram que 26,9% estão atrasados na série que cursam. Nesse mesmo módulo, a média nacional é 17,2%.
No módulo referente ao Ensino Médio a defasagem se agrava e está registrado que 36,6%, mais de um terço da comunidade escolar desse módulo está estudando em séries que já deveriam ter cursado em anos anteriores.
Com professores em greve, sem método restaurador e sem os pais de alunos conscientizados da situação, quais são as chances de melhoria do quadro?
Claro que serão mínimas. E nem todo o arrojo, a dedicação dos alunos e de alguns professores essa tarefa deixa de ser muito difícil, mas é importante que, até dessa dificuldade, os gestores da educação estadual tomem consciência e mudem a maneira de encarar a educação, especialmente a responsabilidade que têm com alunos, pais de alunos e professores.
Culpa? Muita gente tem culpa, inclusive os professores que não encontram uma razão para conviver com essa realidade e mudar mostrando que o Amapá pode estar no topo da tabela, como já esteve em outros tempos, em que alunos, professores e gestores eram reconhecidos pelo seu trabalho.
Essa fase crítica da educação precisa ser vencida para que professores e alunos possam dizer que estão prontos para contribuir para o desenvolvimento do Amapá. Doutra forma serão, certamente, responsabilizados pelos índices medíocres que o Estado ostenta na atualidade.