Rodolfo Juarez
Mais uma vez a “prioridade” para a execução dos serviços de construção do trecho norte da BR-156 – que fica entre Calçoene e Oiapoque – é jogada no lixo e parece que agora a situação ficou mais difícil com o encerramento das atividades da unidade avançada do Dnit em Macapá.
Com isso, mais uma vez as esperanças dos usuários da Rodovia e os habitantes dos municípios do norte do estado desabam ainda no primeiro mês do período sem chuva na região.
Dá a impressão que as autoridades gostam de desafiar a paciência da população diretamente atingida, seja pela continuidade das precárias condições da rodovia, seja pela possibilidade reduzida do abastecimento de produtos de primeira necessidade, como os da cesta básica, dos moradores do Oiapoque.
De vez em quando são noticiadas operações policiais, cumprindo mandados judiciais de prisão cautelar e de busca e apreensão, com narrativas conclusivas que não fazem referência ou quando fazem são no modo rápido, como se a população de lá tivesse as condições de deslocamento que as demais têm, principalmente na região metropolitana composta por Macapá, Santana e Mazagão.
Os agentes públicos responsáveis dão a impressão que ainda não compreenderam a importância da BR-156 para a população que mora no Oiapoque, em Calçoene e Amapá, principalmente, implicando na estagnação do desenvolvimento daquelas regiões que têm mais tempo de autogestão do que, por exemplo, Santana.
A população do cone norte do Estado do Amapá sempre foi muito enganada pelos dirigentes públicos que o estado escolhe em eleições, como por administradores que deveriam assumir a responsabilidade pela conclusão do asfaltamento da rodovia, mesmo servindo de discurso para muitos que se elegem e começam a dizer que estão fazendo isso ou aquilo.
Conversar com pessoas que têm necessidade de deslocar-se pelo trecho da BR-156 entre Calçoene e Oiapoque é ouvir narrativas que atestam o descaso dos que poderiam ser responsabilizados pela situação.
Há descrença entre todos os que trafegam por aquele trecho da rodovia, como também há histórias que acumulam e aumentam o tamanho da desconfiança com relação à seriedade da aplicação do dinheiro público.
Os contratos emergenciais se transformaram em um canal de lucro para alguns e em um muro de lamentações para os usuários que, por mais que se esforcem, não entendem como se pode ter “enterrado” tanto dinheiro naquele trecho da rodovia para, a cada ano, a situação ser pior que no ano anterior.
Nem mesmo as sugestões dos práticos são levadas em consideração e a população fica ilhada, sem transporte público de qualidade, parecendo que os veículos são para transporte de tudo, menos de pessoas.
Viajar pela BR-156 e vencer o trecho entre Calçoene e Oiapoque se tornou um dos maiores desafios.
O travamento do desenvolvimento da região pode ser debitado, com segurança, para as condições precárias da Rodovia BR-156, único caminho que permite se chegar, via terrestre, às terras do município de Oiapoque, exatamente onde começa o Brasil e para onde se voltam os olhares daqueles que acreditam no potencial dos municípios diretamente afetados.
O débito social só cresce e a população vê cair a sua qualidade de vida, apesar das boas perspectivas desenhadas, todos os dias, à sua frente.