Rodolfo Juarez

Hoje, dia 17 de dezembro, estão sendo completados 48 anos de um dos dias mais importantes da minha vida. No lendário Teatro da Paz, em Belém do Pará, às 18 horas, começava a solenidade de colação de grau da Turma de 1971 de Engenheiros Civis, Turma Engenheiro Fernando Guilhon, da Escola de Engenharia do Centro Tecnológico da Universidade Federal do Pará (Ufpa).
Terminava o ano de 1971 e a turma com 73 formandos, todos em traje de gala, estavam radiantes no Teatro da Paz. Eu, como os outros formandos, vestindo um smoking preto, tendo a calça uma faixa desde a cintura até à bainha, camisa branca, gravata borboleta, faixa preta na cintura para encobrir o cinto de couro, cabelos bem arrumados e fartos, sem óculos, e com cadeiras reservadas em local privilegiado em um dos pontos mais favoráveis do teatro.
Minha mãe foi minha paraninfa. Ela estava radiante, com um vestido longo, de tecido fino e forrado, saia completamente branca e blusa bege, em uma combinação perfeita. Cabelos feitos para a ocasião, juntamente com os colares que usava, destacavam o rosto de minha mãe, bonito e cheio de felicidade – ela que veio junto comigo do interior do município de Afuá e que, naquelas três horas se tornava protagonista em um dos ambientes mais sofisticados do Pará, da Amazônia e do Brasil, o Teatro da Paz.
O anel de formatura – presente da minha mãe e de meu pai, que também estava na solenidade obedecendo ao rigor do traje que o protocolo exigia –, era de ouro 18 quilates, uma pedra de safira sintética retangular, com as características da engenharia civil encravadas nos dois lados medidos a partir da pedra safira.
O momento solene da colocação do anel no dedo do formando, depois do “eu concedo” foi devidamente registrado para que hoje, 48 anos, pudéssemos reviver, mesmo que em pensamento e sentimento, a alegria que invadiu o coração e a alma do meu pai e da minha mãe, principalmente eles dois, alcançando o máximo imaginado por eles, dando por concluída a sua primeira missão: participar da formatura do primeiro filho e aumentar a certeza da formatura dos demais filhos que vinham no mesmo rumo.
Todos nós sabíamos que ali, naquele momento de jornada, seria marcado um ponto de inflexão, modificando o caminho da maioria dos 73 formandos que, durante cinco anos fizeram promessas e assumiram compromissos que, a partir dali, seriam colocados em teste.
Da Turma Engenheiro Fernando Guilhon – Engenheiros Civis de 71 –, dois dos formandos saíram de Macapá para fazer o vestibular em Belém do Pará, em 1967, depois de concluir o Curso Científico no Colégio Amapaense: Manoel Antônio Dias e eu, e cinco anos depois de muita “ralação” nós estávamos ali, prestando contas, principalmente, para as nossas respectivas famílias.
Hoje haverá uma celebração à data, em Belém do Pará, em um encontro marcado para um jantar comemorativo, a partir das 20 horas, no restaurante do Hotel Gran Mercure, na Avenida Nazaré, 375, entre Dr. Moraes e Benjamin Constant para comemorar esses 48 anos de formatura. Os organizadores, diletos colegas da Escola de Engenharia e, hoje, respeitáveis senhores da sociedade paraense, estão na coordenação do encontro: Valdemiro, Nilo, Carlindo e Fernando.
Eu, hoje, com 73 anos, e meus colegas engenheiros da turma de 71, todos com 70 ou mais anos, já estamos sentindo a falta de muitos colegas que estão noutro plano, certamente felizes pelo que fizeram enquanto entre nós estavam, e cobrando de cada um o princípio ético que orienta o comportamento do profissional engenheiro civil.
Saudades!
Hoje, tenho certeza, que cada um dos engenheiros civis da turma de 1971 está lembrando a data que marcou, para sempre, as nossas vidas.
A minha vida profissional teve como um dos principais suportes a formação em engenheiro civil, profissão que me permitiu contribuir com o desenvolvimento do Amapá desde quando, ainda em dezembro de 1971, no dia 23 daquele mês, cheguei a Macapá para exercer a profissão.
Ganhei um plus importante de confiança para animar a minha carreira de professor de Matemática e Física. Mais tarde ainda completei o curso de Jornalismo e, por último, há 10 anos, o curso de Direito que me possibilitou a ser advogado militante, completando meu rol profissional, do qual tenho muito orgulho.