Tenho certeza que é muito difícil os homens públicos reconhecerem os seus erros. Sempre tem desculpas, mesmo que esfarrapadas, para poder reconhecer que erraram e retomar o caminho que pode levar à solução do problema.
Nesse momento é a principal crise de consciência que os governantes têm e que os levam a justificativas que não convencem e não esclarecem nada.
A população, desde o início, se mostrou preocupada e compreensiva. Preocupada com as medidas tomadas; e, compreensiva, pois não podia colaborar com os comandos que passaram a ser ditados, todos os dias, e que sempre terminava mandando todo mundo para casa.
Os caciques nacionais começaram a se desentender e, todos os dirigentes foram instados a tomar posição, definindo, claramente, qual o lado pelo qual passaria a se engajar, com a desculpa de combater o novo coronavírus.
O governador do Amapá se juntou com outros 19 governadores sem avaliar que, seriam mínimas as possibilidades de ser ouvido por aqueles que estavam com declaradas ambições políticas, vendo uma chance de se consolidar como líder nacional e ter a simpatia do eleitor brasileiro nas eleições de 2022.
Nem avaliou se podia seguir independente, com o apoio que já dispunha a partir do presidente do Congresso Nacional, com possibilidade de conduzir o processo, suprindo as necessidades do povo amapaense em discussão direta com os ministros de Estado e o próprio presidente da República.
Daí para frente, tudo o que os governadores do grupo dos 20 aplicavam em seus estados passaram a ser aplicados aqui no Amapá, carregando uma premissa que sempre deveria discordar das recomendações ou comentários dos agentes da República.
Deixou de considerar assim a possibilidade do Estado do Amapá, pelo tamanho de sua população, poderia ser tratado diferentemente daqueles estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e outros, e ter resultados traumáticos para a população e para as famílias.
Como resultado disso é que entramos para uma estatística completamente desfavorável e sem ter a oportunidade de apresentar para o resto do Brasil um procedimento que deu certo.
Não adianta dizer para especialistas do setor saúde, ou para toda a população que a medida salvou ou não salvou vidas. As famílias que perderam seus parentes ou viram os seus amigos sucumbirem devido ao vírus, não aceitarão a afirmativa que deu certo.
E não deu certo porque não havia infraestrutura para que os serviços de saúde atenderem nem um vigésimo daqueles que precisaram ser atendidos, como também os próprios profissionais da saúde no Amapá, desde muito não estavam satisfeitos com a forma como são tratados pelos governantes, além dos escândalos que foram identificados dentro da administração do setor no Estado.
O dilema do “ficar em casa” ou “sair de casa” foi profundamente influenciado depois das informações que vieram das casas de saúde do Estado, onde os profissionais que tratam do povo atestaram positivo para o novo coronavírus.
Alargar o prazo por mais 1, 2, 5, 10 ou 100 dias não oferece qualquer segurança que, depois desse prazo, tudo estará sob controle e a vida pode voltar ao normal.
Mas, mesmo assim, voltar atrás, reconhecer erros e pedir desculpas não faz parte do egoísta dirigente que só pensa na próxima eleição.