O assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, gerou uma nova ordem de combate ao racismo.
No último final de semana vimos manifestações em diversas partes do mundo, de Nova Iorque a Berlim, com um inimigo a ser combatido. Inimigo esse que há séculos se manifestou dentro de plantações de algodão no sul dos Estados Unidos, nas fazendas dos barões escravagistas do Brasil e, ora, como não? No Apartheid, regime vergonhoso de segregação racial.
O assassinato de George Floyd não é o primeiro, e, infelizmente, talvez, não seja o último, no entanto acende um sentimento de “basta”, não apenas na comunidade negra americana mas em sociedades como a nossa, brasileira, que se nega a existência do racismo, você até já deve ter ouvido a máxima: “No Brasil não há racismo.”
É lamentável que em pleno ano de 2020, tal inimigo, preconceito na forma mais pura da palavra, filho da ignorância siga enraizado de maneira velada, seja com o olhar torto ao porteiro de nossas residências ou a associação de que o negro de paletó é o segurança.
Devemos fazer uma reflexão: o que estamos fazendo na condição de privilegiados para mudar tal cenário? Estamos dando o devido espaço no mundo jurídico ao cidadão ou cidadã afrodescendente?
Joaquim Barbosa, talvez, seja a única imagem de um grande jurista negro que lhe venha à cabeça, mas quantos outros estão no anonimato por falta de oportunidade, por falta de voz?
No esporte, temos a figura de Colin Kaepernick, quarterback da NFL, que há anos foi relegado na liga de futebol americano ao se ajoelhar durante o hino nacional americano em protesto antirracista.
Assim como tantos outros, o preconceito racial faz estragos na vida de pessoas de uma forma imensurável e não podemos torná-lo natural ao ponto de ser invisível e seguirmos como se nada estivesse acontecendo. É preciso ser combativo, ter coragem de brigar pela causa de outrem; afinal, é para isso que nós, doutos causídicos, prestamos juramento: levar justiça às minorias.
Meu objetivo aqui não é passar a experiência de quem sofre com essa mazela social desde que nasce, mas levantar o debate para sairmos da zona de conforto e colocar fim de fato a essa doença chamada racismo.