Rodolfo Juarez

As famílias, em regra, ficam agitadas quando podem identificar, na lista de ascendentes e descendentes vivos, o nome de bisavô, de bisavó, ou de ambos, e o nome de bisneto, de bisneta, ou de ambos. E cada vez esses momentos são mais raros.
O modelo de família com muitos filhos e filhas está se tornando escasso pelo novo momento no qual vive a sociedade atual, com novos conceitos e com muitos problemas para resolver, inclusive da conciliação do trabalho da mãe e do pai para conseguir criar, nesse novo tempo, os filhos.
Quando eu nasci, as famílias, principalmente na nossa região, eram numerosas, com muitos filhos e netos, e ainda os bisnetos. Os pais casavam muito sedo, tinham filhos com baixa idade e podiam ver os netos e bisnetos com mais frequência. Agora não, há um controle incentivado da natalidade, especialmente antes da concepção.
Por outro lado, o idoso encontra grades problemas para viver nessa nova sociedade, depois de ter experimentado uma juventude e até mesmo a maturidade, sem controles incentivados, sem camisinhas, anticoncepcionais e contando com uma nova consciência de que não tem sentido ter muitos filhos dados a necessidade de educá-los, cuidar da saúde e alimentá-los em um ambiente de grandes dificuldades para manter os filhos no rumo desejado pela família.
Muitos idosos têm pagado com a própria vida, com morte precoce, devido o comportamento da “nova família” que considera seus problemas, aqueles dos seus descendentes de 1.º grau, isso quando considera, e os antecedentes que enfrentem os seus problemas de saúde, de falta de trabalho e alimentação, sozinhos.
O bisneto é o filho de um neto ou uma neta. O bisavô ou a bisavó são pais do avô ou da avó do bisneto. Os pais do bisneto ou bisneta são netos do bisavô ou bisavó.
Na família nova a relação parentesca tem um desenvolvimento circular na afetividade e linear no cuidar da saúde e da educação e, ainda, vertical no cuidar da alimentação.
Hoje se identifica os idosos muito bem relacionados com os netos e bisnetos, quando o assunto é afetividade; os pais mais relacionados com os filhos quando o assunto é educação e saúde; e já não é raro ver os avós responsáveis pela alimentação e outras necessidades dos netos.
Apesar de, no âmbito geral, haver significativa diferença de idade, atualmente é possível ver netos e avós juntos em atividades que exigem boa forma física e resistência, bem como artes marciais ou andar de bicicleta. Já não é incomum ver netos adolescentes e seus respectivos avós estudando juntos em universidades abertas ou cursos não acadêmicos, dividindo o interesse pelo mesmo tema.
Nessa nova composição familiar, apesar de distanciamento no grau de parentesco, já é grande o número de netos sob a guarda ou tutela dos seus avós.
A pergunta mais repetida que os membros da atual sociedade se fazem é: “que mundo vamos deixar para nossos netos e bisnetos”.
As pessoas estão construindo uma sociedade sem perspectivas. As metas estão completamente esquecidas e, a cada dia, os problemas se acumulam e homens e mulheres acreditam na sua verdade que é mentira para o outro, e vice-versa.
Construí esse raciocínio para dizer que não tenho nenhuma informação para dar para o meu bisneto que vai chegar ao começar do ano que vem. Confesso que não sei como será o modelo de educação, ou se haverá uma educação modelada; não sei nada da saúde daquele tempo que virá e do que estaremos nos alimentado.
Sei que meu bisneto vai precisar de muito amor. E não sei se saberei a forma!