Rodolfo Juarez
Outra vez a população do Estado do Amapá viveu momentos que já pareciam distantes da realidade do Amapá, levando em consideração que o Estado é um exportador de energia, consumindo menos de um quinto da energia que produz, abastecendo o Sistema Nacional com os outros quatro quintos.
Os habitantes do início da década de 1990 ainda recordam das dificuldades que todos passaram, em época do Natal, quando a população ficou com até 23 horas de um mesmo dia sem energia elétrica.
Naquela época, também, as ações emergenciais foram praticadas e três termoelétricas vieram da Bahia para o Amapá, gerando pouco mais de 40 Megas, em plena geração e que não havia indicativo técnico para que as três máquinas funcionassem à plena carga simultaneamente. O uso já indicava essas cautelas.
Daí para diante foi pensado mais objetivamente no aproveitamento da carga hidráulica proporcionada pelo Rio Araguari, já hospedando no seu leito a Usina Coaracy Nunes, construída na década de 60, projetada para funcionar com duas turbinas gerando 40 megawatts de energia à plena carga. Depois do evento do início da década de 90 voltou à pauta a construção de uma terceira turbina e melhoria da eficiência dos painéis de controle das duas primeiras que, passariam dos 18 megawatts para 23 megawatts cada uma, que somados aos 32megawatts da terceira turbina alcançaria ao total de geração de 78 megawatts, possibilitando a desativação das usinas termoelétricas do parque de Santana.
A instalação da terceira turbina, que passou a gerar 32 megawatts, foi construída na segunda parte da década de 90, por um consórcio de empresas. Uma empresa foi a elaboradora do projeto, a segunda especialista em construção de geradores, uma terceira na construção de sistemas elétricos, uma quarta empresa para as obras civis e uma quinta, uma empresa fiscalizadora, paga pelo consórcio. Todas as empresas foram contratadas pela Eletronorte.
A empresa que participou do consórcio para a construção da terceira turbina da Hidrelétrica do Paredão, assumindo a responsabilidade pelas obras civis foi a Leite Construções e Comércio Ltda. Naquela oportunidade atuamos diretamente, representando a Leite Construções no Consórcio de Empresas e chefiando a equipe de engenheiros que vieram de várias partes do Brasil.
Já um pouco mais tarde, no início da década que passou, foram iniciadas as tratativas para a construção de mais duas hidrelétricas (de fio d’água) aproveitando o potencial do Rio Araguari: a Coaracy Nunes, a Ferreira Gomes Energia e a Cachoeira do Caldeirão.
A Coaracy Nunes já foi comentada. A Usina Hidrelétrica Ferreira Gomes possui uma potência instalada de 252 MW, que seria suficiente para atender quase toda a demanda do Estado. Funciona desde outubro de 2014. A usina Cachoeira do Caldeirão pertence à EDP e a China Three Gorges (CTG), com três unidades geradoras, totalizando a potência de 219 MW. Foi concluída em agosto de 2016.
No meio disso tudo havia a Companhia de Eletricidade do Amapá, uma estatal sob o controle do Governo do Estado, instituída ainda pelo Governo do Território do Amapá, para ser a concessionária de distribuição de energia elétrica em todo o estado. Ao longo dos últimos 20 anos experimenta várias dificuldades, como dívidas com as geradoras, com o INSS e fornecedores chegando a ser punida com a caducidade do contrato de concessão. No momento presta serviço para a Eletrobrás e tem a administração fora do controle do Governo do Estado.