Os 292.718 eleitores aptos a votar, em segundo turno de votação, para escolher o prefeito e vice-prefeita de Macapá, em eleições adiadas por 42 dias e que depois, viram suspensas sine die e marcadas para o dia 20 de dezembro, estão vendo serem desfeitos projetos defendidos por candidatos que não conseguiram se habilitar para disputar o segundo turno.
Josiel (DEM) que obteve 29,47% dos 201.909 votos válidos apurados e Furlan (CIDADANIA), que obteve 16,03% dos 201.909 votos válidos apurados foram os dois que se habilitam para o segundo turno de votação e têm seus nomes postos para a disputa final pelo cargo de prefeito de Macapá.
O que se vê no momento é uma corrida dos habilitados para buscar apoio dos candidatos que ficaram de fora devido a votação que receberam: Capi (PSB), 14,94%; Cirilo (PRTB), 11.68%; Patrícia (PODEMOS), 11,27%; Guaracy (PSL) 8,51%; Paulo Lemos (Psol), 3,96%; Haroldo (PTC); 1,99%; Marcos (PT), 1,52%; e Gianfranco (PSTU), 0,62%, na tentativa de obter adesão do candidato derrotado.
Se a disputa do segundo turno fosse matemática, bastaria o candidato Josiel (DEM) ter a adesão de candidatos que somassem 20,53% dos votos obtidos no primeiro turno, mais um voto válido, para se eleger prefeito; ou o candidato Furlan (CIDADANIA) ter 33,97% de adesão, mais um voto para se eleger.
Mas a disputa em uma eleição não segue as “leis” da Matemática e sim a proposta dos candidatos.
O candidato que ficou em segundo lugar tem muita dificuldade para obter a adesão dos eleitores: 1) por ter que abrir mão de suas convicções político-administrativas; 2) por assumir compromissos com os candidatos que não se habilitaram para o segundo turno e que, eventualmente, apresentavam propostas, na campanha, que se contrapõem àquelas apresentadas pelo candidato; 3) todas as incompatibilidades comportamentais que o eleitor reprova.
O candidato que se habilitou para o segundo turno de votação, em primeiro lugar, leva a vantagem natural da diferença de votos do segundo turno, além de não precisar mudar o discurso e nem os projetos apresentados ao eleitor e atrair o eleitor que votou por agradecimento ou convicção político-ideológico em quaisquer dos candidatos que não conseguiram a habilitação para o segundo turno.
Mais esclarecidos politicamente o eleitor não se submete ao comando eventual de um candidato, mas às suas convicções e às perspectivas para a melhoria do local onde vive.
Outra vantagem do candidato que ficou em primeiro lugar é a continuidade do voto de agradecimento sem ter que mudar as suas convicções político-ideológico que o levaram a escolher o candidato habilitado, em primeiro lugar, para o segundo turno de votação.
O reagrupamento de candidatos que não se habilitaram para o segundo turno da eleição representa a falta de convicção no que dispôs defender e defendeu durante a campanha que desenvolveu para o segundo turno no sentido de obter o apoio do eleitor. As convicções são abandonadas em troca de promessas de cessão de fatia no poder, uma constante e que, por isso, parece normal e com pudor político, mesmo que contrarie tudo o que defendeu na campanha.
Passa a participação na divisão do poder torna-se, em uma eventual vitoria, o objetivo principal. Uma prática reclamada, mas que continua consolidada nas disputas políticas no Brasil todo.
O eleitor, entretanto, já vem interpretando e manifestando-se contra esse comportamento comum entre candidatos aos cargos majoritários. Nas eleições proporcionais essa possibilidade de agrupamento foi deletada do processo eleitoral.