Rodolfo Juarez

A pandemia provocada pelo novo coronavírus acabou escancarando a realidade dos gestores públicos brasileiros. Todos eles!
Um país com mais de 209 milhões de habitantes distribuída nos 26 Estados e o Distrito Federal gera diferentes condições reais para os administradores e iguais condições quanto à nomenclatura dos dirigentes de cada um desses estados.
No momento de um acontecimento mundial como a pandemia, que exige aplicação de máximo esforço de todos os dirigentes nacional e estaduais, mesmo sem ter como calcular corretamente a duração do fenômeno, apressaram-se em deixar marcada a sua forma de enfrentamento e, imediatamente, converter esse empenho em ganho político pessoal sem se preocupar com o sacrifício a que estava sujeito a população.
No começo, o ministro da Saúde do governo brasileiro calculou que poderia sair com ganhos políticos gigantescos quando garantiu presença permanente no palanque das televisões, não pelo sucesso que poderia ter na condução do processo de enfrentamento à Covid-19, mas pelo ganho que poderia acumular pelo conhecimento que dele teria a população. Um decreto o tirou do governo e das telas de televisão, deixando-o sem microfone e importância.
Os governadores dos Estados, ávidos por ganhos políticos no processo de enfrentamento a pandemia, deixaram de cuidar dos seus respectivos estados e passaram a constituir um grupo, claramente em busca de notoriedade, exercendo pressão não para contribuir com o enfrentamento da pandemia, mas para garantir espaço nos jornais e rádios, cliques das máquinas fotográficas, a maior parte deles pago pelo dinheiro público do estado que dirigia, e fazendo pose para as câmeras de televisão.
A formação desse grupo, com claro objetivo de assegurar ganhos políticos no processo de enfrentamento à pandemia, se desfez quando a população e algumas autoridades entenderam os propósitos de cada um.
Nessa mesma linha, juízes, desembargadores e ministros dos tribunais superiores assumiram lado, ou inventaram novos lados contribuindo para a confusão que se formou em torno das medidas que precisam ser tomadas considerando a forma como a população estava sendo atingida pelo mal a vencer.
Nessa confusão entraram os prefeitos querendo também “contribuir” com o projeto e ganharam a parte difícil do programa: baixar decretos de como a população teria que enfrentar o vírus e o mal dele decorrente.
O resultado dessa ordem estabelecida é conhecido de todos: perderam a luta com a primeira onda e permitiram que o vírus ganhasse força e nova forma no avanço da segunda onde, em muitos lugares, mais agressiva do que a primeira.
Enquanto isso novos desatinos foram e estão sendo praticados para definir a vacina, desde a compra de seringas e do imunizante que virou caso de governantes vaidosos e brincalhões com a paciência da população e do eleitor que tanto pretendiam conquistar.
O certo é que não está definido quem é o piloto. Enquanto isso mais pessoas são levadas aos hospitais que passaram a ter medido a sua capacidade de cuidar dos pacientes por percentuais, transformados em um colorido que vai dos primeiros tons claros ao vermelho.