Rodolfo Juarez
Há muito que temos graves problemas gerenciais da saúde pública no Estado do Amapá. Dá a impressão que ser secretário de saúde, antes de ser uma honra é um castigo, punido com visitas constantes dos órgãos de fiscalização e de polícia aos escaninhos da secretaria e residência de dirigentes e servidores.
Não há qualquer dúvida que esse resultado é o que está travando o avanço dos atendimentos médicos e da própria medicina no Amapá.
Os profissionais investem em seus negócios particulares, na participação dos plantões e deixam de se atualizar profissionalmente na especialidade que escolheram para medicar. Diferentes, e muito, daqueles que se tornaram referências médicas do tipo de Alberto Lima, José Roberto, Antônio Teles, Papaleo Paes que são lembrados todos os dias e todas as horas, por ex-pacientes devido à sua dedicação ao conhecimento, respeito aos pacientes e responsabilidade com a ética.
Um profissional médico que tira acima de 20 plantões no mês, se bem analisado o tempo, ou ele toma banho ou dorme nas poucas horas que tem de folga durante uma jornada de 24 horas.
O resultado disso é a forma como os médicos tratam os pacientes.
Já tem profissional em Macapá que está marcando agenda que sabe importante no tempo, para abril de 2022.
O que é isso? Muitos pacientes para atender ou a falta de profissional da mesma especialidade, o suficiente para nem examinar se o paciente tem condições de sobreviver até à data da consulta.
Esse cenário da saúde pública no Amapá, empurra para a rede particular os pacientes que poderiam – e tem o direito –, de ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), então o paciente se vê diante das propostas absurdas dos hospitais e clínicas particulares que, na maioria das vezes, indica os mesmos profissionais já contactados na rede pública de saúde.
O valor da vida, que vem antes da liberdade, não assume a sua posição na tabela de prioridades do direito do indivíduo. O valor da vida passa a ser medido em reais e muitos reais.
Além disso a retaguarda pública da oferta no atendimento de saúde é negligenciada, tornando a vida (ou a morte) um número que vai compor uma tabela estatística, como a desenvolvida pelo acompanhamento feito, no caso da Covid-19, por uma grande rede de televisão, onde o fato morte foi usado para demonstrar a sua malquerença política.
Enquanto os grandes centros já desenvolveram a consulta à distância, no que chamam de telemedicina, por aqui, dá a impressão que uma providência que venha viabilizar a telemedicina, é severamente rechaçada pelos médicos que se acostumaram a cobrar valores que exorbitam a condição sócio financeira do paciente.
A saúde pública precisa ser praticada com os cuidados devidos, para que a saúde privada volte a encontrar a realidade e se torne acessível, pelo menos aos endinheirados, isso mesmo, endinheirados, a forma que está fazendo a alegria do caixa dos hospitais, das clínicas e dos médicos, mas que tende a cessar devido à fuga dos endinheirados para outros estados da Federação.
A consciência dos profissionais médicos precisa prevalecer e seguir o juramento hipocrático feito por ocasião da formatura e reafirmado por todos os médicos presentes.