Rodolfo Juarez
As pessoas, ativistas ou não, viveram a última semana de fevereiro deste ano para ver a derrota, por larga diferença, dos direitos humanos no confronto com a ambição, o destempero e a prevalência daquele que pode mais sobre aquele que pode menos, sem considerar qualquer dos artigos de qualquer das convenções sobre direitos humanos que assinou e jurou que estava disposto a cumprir.
Para o governante que pode mais foi suficiente o entendimento de que o governante que pode menos estava contrariando uma regra que daquele que pode mais havia estabelecido para ser cumprida por todos – não flertar ou noivar com aqueles que podem de outro grupo.
Os direitos humanos ficaram submetidos às vontades de um ou de outro. Um não respeitando de verdade e o outro querendo se agarrar nesse direito, que é da população, para garantir as suas teses administrativas e ingressar em blocos políticos que poderiam servir de contraforte para as suas investidas políticas.
No conflito, o que pode mais, nesse momento, é a Rússia, que se preparou para o “bote” nem tão traiçoeiro, para medir força sabendo que o adversário, eleito como inimigo, não teria forças para resistir e que parte da população não estava disposta a assumir as responsabilidades que passara para o governante durante a última eleição.
O que pode menos, a Ucrânia, o segundo maior país da Europa, com uma área de 603.628 km2 e uma população de 44.921.000 habitantes (estimativa de 2016), está vendo sua população assustada e fugindo para os países fronteiriços com medo do caos político, social e econômico que se instalou nesse país de pouco mais de 30 anos.
A Rússia, o maior país do mundo, com 17.098.240 km², equivale a duas áreas do território brasileiro, distribuídos entre os continentes europeu e asiático – separados pelos Montes Urais. Sua população é de aproximadamente 143,5 milhões de habitantes.
A Ucrânia é banhada pelo mar Negro e faz fronteira com outras 7 nações, entre elas a Rússia. Seu presidente é Volodymyr Olexandrovytch Zelensky – um político, ator, roteirista, comediante e produtor/diretor cinematográfico ucraniano, eleito para o cargo o qual foi empossado em maio de 2019.
Em seu anúncio sobre a operação militar iniciada na Ucrânia na quinta-feira passada, (24/2), Putin afirmou que o objetivo da medida é defender um povo submetido a oito anos de “genocídio pelo regime de Kiev”.
Como pano de fundo e como forma de identificar onde estaria havendo o “genocídio pelo regime de Kiev”, o líder russo apontou o conflito armado entre as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, em território ucraniano e o governo ucraniano. Os separatistas são amplamente liderados por cidadãos russos e têm o apoio do líder Putin.
Os dois patrocínios para o rompimento de qualquer regra relativa aos direitos humanos são, assim, dos dois protagonistas da guerra que está destruindo as cidades, matando as pessoas e deixando a Ucrânia de joelhos perante ao que manda mais.
Mais uma vez a diplomacia não teve argumentos suficientes para superar as vontades dos dirigentes beligerantes e o que se vê é desespero de pessoas, desinformação do que está acontecendo e a sede do Poder prevalecendo sobre a lógica dos direitos humanos.
Pessoas refugiadas em buracos subterrâneos, sem água, sem o que comer e sem saber o que pode fazer para ver garantidos os seus direitos, é o fato. Sair dos “buracos”, caminhar sem saber para onde ir, motivado apenas por ter a certeza de que para onde vai é melhor do que onde está.
Os homens, independente da nacionalidade, da área, desenvolvida ou não, que habita, ou do que paga para ter segurança, saúde, educação, lazer, etc. sempre está sujeito às decisões absurda dos seus administradores promesseiros de coerência e obediência às regras que asseguram os direitos humanos.