Rodolfo Juarez

Neste dia 18 de maio de 2022, véspera do meu aniversário de nascimento (76 anos), completo 2 (dois) anos que estou sendo assistido em sessões de hemodiálise na Clínica Uninefro, em Macapá/AP, na Avenida Procópio Rola, n.º 1315.
Na qualidade de paciente, faço a sessão de hemodiálise às segundas, quartas e sextas-feiras. Chego na clínica entre 12:00 e 12:15 horas. O acesso ao interior da clínica ocorre obedecendo à ordem de chegada. A primeira ação é na balança onde se afere o peso de chegada e, na prática, define quanto de “peso” será retirado do paciente.
Depois da pesagem o protocolo exige a higienização da fístula arteriovenosa, um acesso vascular definitivo para realizar hemodiálise. A fístula arteriovenosa é a junção de uma veia e uma artéria, feita pelo cirurgião vascular com anestesia local e, com isso, a veia torna-se mais calibrosa e resistente, possibilitando que as punções com as agulhas de hemodiálise possam ocorrer com um mínimo de complicação.
Depois desses procedimentos é que ingresso na estação de hemodiálise.
A Clínica Uninefro conta com um salão com 4 estações de hemodiálise, com 32 máquinas de hemodiálise, incluindo as máquinas que estão no isolamento e as que ficam como reserva para as eventualidades.
Eu faço 4 horas de hemodiálise em cada sessão, ou 12 horas por semana, na Estação n.º 3, e tenho como companhia, na estação, mais 7 (sete) pessoas que também em hemodiálise, sempre assistido por, no mínimo (2) dois técnicos de enfermagem, sob a supervisão de, no mínimo 3 enfermeiros e 1 médico ou uma médica. A supervisão do médico ou da médica ou da enfermeira ou do enfermeiro é permanente, com a equipe de enfermagem atenta às necessidades dos pacientes.
Estimo que em Macapá e em Santana, estão instaladas 84 máquinas de hemodiálise, atendendo em torno de 310 pacientes renais crônicos.
O paciente renal crônico é aquele diagnosticado com insuficiência renal, ou seja, na condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas. A insuficiência renal pode ser aguda (IRA), quando ocorre súbita e rápida perda da função renal, ou crônica (IRC), quando esta perda é lenta, progressiva e irreversível.
A insuficiência renal crônica (IRC) atinge, segundo o último censo do IBGE publicado recentemente, 184.077 pessoas no Brasil e destes, atualmente, 173.400 (94,2%) são atendidos em hemodiálise, os outros 5,8% (10.677 pessoas) são atendidos com a diálise peritoneal que, para os especialistas na avaliação do tema, é um fator extremamente preocupante, uma vez que a diálise peritoneal, mais indicada para crianças, idosos e cardiopatas, vem perdendo força sem uma explicação plausível.
Este contingente de mais de 173 mil pacientes renais é atendido em 737 clínicas habilitadas, com 26.341 máquinas de hemodiálise instaladas. Eu sou um desses pacientes, atendido na Clínica Uninefro, que conta com 32 máquinas instaladas.
No último dia 11 de maio de 2022 (quarta-feira) foi realizada uma audiência pública na Comissão Permanente de Assistência Social do Senado, com o objetivo de declarar a preocupação dos profissionais de saúde do Brasil com a queda no uso da diálise peritoneal, indicada para pacientes que têm longas distância para se deslocar até às clínicas, no mínimo 3 vezes por semana e que, com a diálise peritoneal poderia vir apenas uma vez por mês ao centro dialítico para as avaliações necessárias.
Também foi evidenciado o abandono da prevenção. Os pacientes renais dos estágios 1, 2 e 3, que poderiam enfrentar a situação patológica antes de se tornar um renal crônico, adotando medidas preventivas que, no mínimo, retardariam a insuficiência. Atualmente o crescimento do contingente de pacientes chega a 6% do total dos em atendimento ao ano, e a mortalidade chega a 17% entre todos os pacientes em tratamento dialítico.
Dos 8 (oito) pacientes em hemodiálise que iniciaram comigo na Estação 3 da Clínica Uninefro, apenas dois estão vivos, o Paulo Nazareno e eu.