Desde o começo do ano foi registrado um aumento de 53,11% das síndromes gripais e 108,33 da forma mais grave da doença.

O governador do Estado do Amapá, Clécio Luís, assinou decreto que declara emergência em saúde pública após identificar surto de síndromes gripais e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no público infantil.

Os dados epidemiológicos foram apresentados no sábado pela equipe da Secretaria de Estado da Saúde do Governo do Amapá (Foto: Netto Lacerda/GEA).

Com isso, medidas emergenciais começaram a ser adotadas para conter os casos, que aumentaram mais de 300% de janeiro até a primeira semana de maio deste ano. O Hospital da Criança e do Adolescente (HCA) registra superlotação da unidade de Pronto Atendimento Infantil (PAI).

De acordo com a Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), o quadro é provocado pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), agente causador de doenças como a bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões. Também há casos de Influenza A e B e Covid-19.

O governador assim se posicionou em relação ao tema: “a suspeita inicial era de um período sazonal, mas os casos estavam muito acima do esperado. Precisamos, portanto, tomar medidas sanitárias imediatas. Vamos unir forças e fazer busca ativa para imunizar nossas crianças. O Estado vai fazer sua parte, mas é fundamental o papel da família e de toda a sociedade”.

O Ministério da Saúde foi informado pelo governador do Estado sobre o quadro epidemiológico do Amapá. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reforça a necessidade de ampliar a vacinação contra a gripe, já que, até este sábado, foi imunizada apenas 16% da população infantil vacinável, que é de 6 meses a 6 anos incompletos. Macapá, Oiapoque, Santana e Laranjal do Jari apresentam a menor cobertura vacinal.

Ainda no sábado, o governador reuniu com os prefeitos municipais para traçar uma estratégia conjunta de ações imediatas nos municípios, principalmente em relação ao aumento da cobertura vacinal.

Entre as ações imediatas adotadas pelo Estado, estão:

– o aumento do número de leitos clínicos e de Tratamento Intensivo (UTI);

– reforço de oxigênio para as unidades de saúde;

– aumento dos plantões entre os profissionais de saúde; e

– reativação do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (Coesp).

Haverá engajamento da Associação dos Municípios (Ameap) e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), na empreitada.

Desde a noite de sexta-feira, dia 12, já havia sido iniciada a transferência de pacientes do HCA para um hospital privado, em Santana.

O vice-governador Teles Júnior também apoia a decisão tomada pelo governador do Estado: “Chama a atenção que esse público é muito sensível, vulnerável. Então é mais do que importante a participação dos pais na percepção dos sintomas, o que ajuda no controle, para evitar a superlotação dos hospitais. Esse problema não é restrito na rede pública, também há problemas na rede privada. Temos carência na pediatria, então é importante que esses cuidados sejam feitos, em conjunto ao Governo, dentro de casa”.

Dados

De 1º de janeiro até o dia 6 de maio deste ano, o Amapá apresentou um aumento de 53,11% no número de casos de síndrome gripais, e 108,33% da forma mais grave da doença, se comparado ao mesmo período de 2022.

Até a última quinta-feira, 11, a rede hospitalar pública e privada registrava mais de 190 casos de internação, sendo 29 entubadas. Desses, 109 se concentravam no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA) e Pronto Atendimento Infantil (PAI), com 22 crianças na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A maioria dos pacientes possui idade entre 7 meses e 4 anos