Nesse tempo de política, ou melhor, de indecisão ou enrolação na política, as autoridades da Justiça Eleitoral do Amapá e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) precisam encontrar uma explicação convincente para que o eleitor não entre numa fase de desilusão ou de desimportância do seu papel no processo de escolha dos seus representantes ou dos administradores dos seus interesses.
O episódio que implicou na modificação de parte do processo eleitoral, com a suspensão do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, por ordem de um ministro do TSE, abalou o ânimo e o interesse do eleitor que está com a responsabilidade de escolher, em segundo turno de votação, quem vai governar o Estado do Amapá a partir do dia 1.º de janeiro de 2019.
Claro que isso é um assunto muito importante e nenhum político, ou qualquer das autoridades da organização da eleição, tem motivo que possa justificar estrago feito no ânimo do eleitor que é obrigado a votar e que já viu parte dos votos jogados no lixo, como anulados e que está na expectativa para saber quais das centenas de milhares de votos terão o mesmo destino.
Quais os votos que vão valer?
Os 119.500 dados ao candidato João Capiberibe da coligação “Com o Povo pra Avançar”, PSB/PT, ou os 94.278 dados para o candidato Davi Alcolumbre da coligação “Trabalho e União pelo Amapá”, DEM/REDE e mais 9 partidos?
Quaisquer dos dois montantes de votos foram dados, de boa-fé, por eleitores habilitados que foram às suas respectivas seções eleitorais aprovar uma proposta e sem qualquer risco de ter suas escolhas jogadas no lixo ou ignoradas por quem quer que seja.
As pesquisas eleitorais, registradas no Tribunal Regional Eleitoral do Amapá e em conformidade com a legislação vigente e obediente à metodologia prevista na Resolução do TSE, quando questionando esses mesmos eleitores, receberam resposta que indicam a possibilidade de vitória, em segundo turno de votação, do candidato que enfrentar o atual governador.
É mais um ingrediente que intriga!
O assunto não deve e não pode ser tratado apenas como uma displicência ou irresponsabilidade de um partido político, mas precisa ser colocado como parte integrante do processo e comprovado de que não houve favorecimento a quaisquer dos candidatos ao cargo de governador do Amapá.
A situação deve ser muito bem conduzida para que o resultado não respingue manchas sobre quem nada tem a ver com os acontecimentos que levaram a esta situação.
Mesmo com alegação de que as coligações concorrentes sabiam das suas responsabilidades e que, cada uma tinha um representante exatamente para resolver este assunto, era papel dos organizadores da eleição destacarem os pontos frágeis do processo, mesmo que implicasse em perda do tempo de TV e rádio.
O assunto está entregue à interpretação dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral, que estarão analisando aspectos legais, pouco se atendo aos fatos, exatamente aqueles que levaram ao problema e ao impasse.
É preciso pensar na segurança jurídica da decisão. É indispensável que se avalie todas as possibilidades.
O assunto é complexo e transcende à eleição, abalando todo o processo que tem no Amapá, faz tempo, um laboratório de experiências, desde quando aqui foi escolhido para a realização do cadastro biométrico do eleitor.
O assunto é muito sério e requer cuidados especiais.