Rodolfo Juarez
Em entrevista gravada na quarta-feira, dia 12 de junho, e exibida na quinta-feira, dia 13, pela emissora sindical TVT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a condução do seu caso pelo então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública. Para Lula, tanto Moro quanto o procurador Deltan Dallagnol agiram combinando passos no processo que culminou com a condenação do ex-presidente que cumpre pena em Curitiba.
Durante a entrevista o ex-presidente comporta-se como um injustiçado e que foi condenado com fundamentos políticos, chegando ao ponto de alegar que a Polícia Federal e o Ministério Público estão “a serviço de interesses americanos” e não de combate à corrupção, alinhando nesse ponto o seu discurso ao de Maduro, presidente da Venezuela.
A revista Veja desta semana dá visibilidade à entrevista do petista na TVT em chamada de manchete que destaca “em 1.ª entrevista após caso Moro, Lula afirma que ex-juiz é mentiroso”.
A mesma revista Veja destaca, em manchete de outra matéria, que “Leo Pinheiro diz que discutiu destruição de provas com Lula”, para na retranca destacar: “conversa sobre destruição de documentos ocorreu em maio de 2014, diz empreiteiro. Depoimento foi prestado no processo que envolve o triplex do Guarujá”. A revista traz uma sequência de áudios de diversos momentos do depoimento do empreiteiro.
Durante a narrativa Leo Pinheiro afirma que a destruição de evidências foi discutida com Lula em um encontro sigiloso no instituto do petista em maio de 2014, quando a operação Lava Jato começava a vasculhar o tal “propinoduto do petrolão”. O empreiteiro também deu detalhes de dois casos emblemáticos que envolvem o ex-presidente Lula: as obras no Sítio de Atibaia e os negócios envolvendo o triplex do Guarujá.
A editoria da revista Veja, uma das mais lidas no Brasil, pode ter imaginado disponibilizar, em uma mesma edição, estes dois temas para fazer com que o leitor pense e interprete esse momento que é muito debatido nas redes sociais, que está sugerindo que recursos sejam refeitos, pedidos de colocação em pauta são realizados, sem que, na prática se disponha de qualquer fato novo, a não ser aqueles que, feitos de forma escamoteada, foram escancarados, mas que estão na rotina dos juízes, delegados e procuradores envolvidos nas operações para desbaratar grupos criminosos e do colarinho branco.
Agora – uma coisa é certa –, ninguém pode alegar inocência depois de ter obedecido ao devido processo legal e sido analisado e decidido em primeira, segunda e até na terceira instância do Judiciário.
O caso do ex-presidente Lula não pode ser interpretado como uma decisão do juiz Sérgio Moro ou do procurador Delton Dallagnol, ou dos dois. O caso foi decidido em segunda instância, no TRF4, confirmada pelo STJ e até agra, todos os HCs impetrados no Superior ou no Supremo não lograram êxito, pois, doutra forma, quebrariam a repercussão geral que foi adotada com a quebra da presunção de inocência.
Muitos militantes, conquistados desde as primeiras campanhas que levaram Lula ao comando do País, têm dificuldades para entender o resultado de tudo isso e preferem continuar acreditando que Lula é o homem mais honesto do Brasil e que Sergio Moro e Deltan Dallagnol não servem para o Brasil.
Essa inversão é, deveras, muito perigosa!