Rodolfo Juarez

Há poucos dias a WWF-Brasil, que ainda comanda um programa de pesca com apoio do Fundo Amazônia mantido, basicamente, por doações da Alemanha e Noruega, afirmou que “o governo brasileiro não pode retroceder em políticas ambientais que promovem a conservação e o uso sustentável da Amazônia, beneficiando as comunidades locais e consequentemente todo o povo brasileiro”.
Essa manifestação veio a propósito da possibilidade de o governo brasileiro extinguir aquele Fundo Amazônia por entender que ele não está cumprindo as finalidades descritas em seus programas devido à verdadeira “cortina de fumaça” que está formada para tentar esconder vários desmandos ambientais provocados pela gigante norueguesa, instalada na Amazônia, no município de Barcarena, no Estado do Pará.
Após negar os danos ambientais provocados, por imprudência da empresa Hydro, foi constatado pela fiscalização que além de um vazamento de restos tóxicos de mineração, houve a contaminação de diversas comunidades de Barcarena, no Pará, pois a empresa norueguesa usou uma tubulação clandestina de lançamento de efluentes não tratados em um conjunto de nascentes do rio Mucuripe.
Após negar a irregularidade a Hydro admitiu, em nota, a existência do canal encontrado, casualmente, por pesquisadores.
A Hydro é uma multinacional produtora de alumínio, cujo acionista majoritário e controlador é o governo da Noruega, que, voltou ao noticiário brasileiro após a confirmação do vazamento de uma barragem que continha soda cáustica e metais tóxicos, após chuvas fortes na região.
Já em 2017, em meio às criticas do governo norueguês sobre desmatamento da Amazônia, foi constatado que a empresa devia ao IBAMA, desde 2009, R$ 17 milhões em multas por contaminação de rios.
Esta situação levou a duas constatações. A primeira, de que houve o transbordo de efluentes e a elevação dos níveis de alumínio nos rios em 25 vezes mais alto do que o estabelecido como máximo na legislação. A segunda, ainda mais grave, a confirmação de que a empresa fez uma tubulação para jogar resíduos diretamente no meio ambiente.
Dá para entender porque é real a “cortina de fumaça” com a qual pretende esconder os seus desmandos do povo amazônida e do resto do Brasil, como do mundo?
Então, o interesse real do governo norueguês não parece ser pela preservação do meio ambiente amazônico, mas para esconder as agressões que a empresa, da qual é o maior acionista, a Hydro, no sentido de obter mais lucro, lança na natureza sem qualquer cuidado ou tratamento e com o agravante de pretender esconder das autoridades brasileiras o que faz por imprudência.
Toda vez que a “esmola” for grande – e alegada – merece desconfiança, uma desconfiança que se confirmada precisa ser combatida na raiz, sem se preocupar com aqueles que, simplesmente, não entendem ou não sabem o que está acontecendo.
A Amazônia é muito grande e precisa de ações de governo para não entregar para oportunistas, travestidos de benfeitores, que estão distribuídos pelo mundo, esperando apenas um momento propício para criticar, na maioria das vezes sem respeitar a própria proposta brasileira para a Amazônia.
Os exemplos preservacionistas do ribeirinho amazônida precisam ser respeitados com a inclusão deles como responsáveis pela real e permanente defesa dos interesses regionais, como faz desde muito.