Rodolfo Juarez
A incursão do Tribunal de Contas da União (TCU) pelos escuros escaninhos da administração de obras no Estado do Amapá revelou os números que impressionam qualquer analista ou fiscal que tenha como princípio zelar dinheiro do contribuinte.
De todas as obras federais, financiadas com recursos da União, 51% dessas obras estão paradas no Amapá. São 96 projetos, em várias áreas, alguns em execução a décadas que já acumularam, apenas em prejuízo, o montante de R$ 220 milhões e que têm estimado que, para a conclusão de todas essas obras, seriam necessários um bilhão de reais.
A ponte sobre o Rio Jari, em Laranjal do Jari, já vai completar 20 anos que foi começada e, até agora, ainda está sem previsão de conclusão. Mas não é só esta obra não. A obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que está abandonada no bairro dos Congós e com promessa para retomada desde o ano passado e já há mais de 5 anos parada.
As BR-156, que caminha para completar um século em obra, e a BR-210, consideradas vetores importantes para o desenvolvimento do Estado, não recebem mais atenção, nem mesmo dos dirigentes do Dnit que preferem “empurrar com a barriga” sobre um monte de relatórios, nem sempre atestando a verdade verdadeira, como identificou uma recente operação policial que prendeu os dois últimos superintendentes e fez com que a própria superintendência fosse extinta, retornando os interesses do Estado do Amapá, nessa área, para a chefia daquele órgão no Estado do Pará.
Além dessas, outras obras estão prejudicando a aparência da capital do Amapá, como é o caso das obras do Mercado Central, do Shopping Popular, do Muro de Arrimo do Araxá, da manutenção do Parque Beira Rio na região do Canal do Jandiá, do Hospital Metropolitano na zona norte, de obras iniciadas no complexo do Hospital de Clínicas Alberto Lima, no centro da cidade, e de outras obras em Santana e demais interiores do Estado.
Recentemente o Juiz Federal João Bosco esteve participando de uma visita técnica monitorada nas obras que a Companhia de Águas e Esgoto realiza na cidade, na recuperação dos sistemas de coleta e tratamento de esgoto, já preocupado com o grande atraso que essa obra vem sofrendo.
O contribuinte, o prejudicado direto de todas essas mazelas, está na expectativa de que alguma providência seja tomada, mas, se entristece com o que acompanha e percebe que o dinheiro dos tributos que paga estão indo pelo ralo.
Enquanto isso os executivos, principais responsáveis pela situação – aqui e acolá alguns deles com desculpas, algumas cabíveis e outras esfarrapadas –, vão esperando passar o tempo e deixando para os seus substitutos uma carga, nunca bem pesada, mas em crescimento constante, dessas obras paradas.
Se pelo menos houvesse um plano de emergência para tratar do assunto ou a designação de técnicos, da área de engenharia, para estudar a situação quem sabe se o resultado não seria diferente daqueles que vêm com as operações policiais.