Rodolfo Juarez
Estou voltando a falar de mim.
Nesta sexta-feira, dia 12 de julho, completam-se 91 dias que me submeto a hemodiálise, um procedimento através do qual uma máquina tem a proposta de limpar e filtrar o sangue, fazendo a parte do trabalho que o rim doente não pode fazer.
Nestes 91 dias fiz 42 sessões de hemodiálise equivalente a 126 horas, o que corresponde a cinco dias e 6 horas, além de esperar para realizar a sessão, em média 1h30 por vez, o que corresponde a 63 horas ou 2 dias e 15 horas apenas de espera pela chamada.
Todo esse procedimento é para melhorar o índice da creatinina no sangue. A creatinina é uma espécie de lixo metabólico resultante do consumo constante da creatina fosfato, a energia da nossa musculatura.
Após a sua produção a creatinina é lançada na corrente sanguínea, sendo eliminada do corpo na urina, filtrada que foi pelos rins.
Os rins estando atuando de modo insuficiente para fazer a filtragem do sangue implica em índices que comprometem a pureza do sangue e, assim, acabam por prejudicar a saúde do paciente de forma continuada.
Os exames de sangue eu estou repetindo a cada 30 dias, ou em intervalos menores, para fazer o acompanhamento do resultado obtido com a ação da máquina de hemodiálise, um equipamento sofisticado e que considero, ao mesmo tempo, muito agressivo, pois durante as horas que passo ligado á máquina, perco, em media, dois quilos e meio do meu peso.
Os resultados dos 4 exames feitos demonstram um hemograma, em todos os seus índices, satisfatório, e um recuo (melhora) no índice de creatinina no sangue, de 9,40mg/dL para 7,90,mg/dL, correspondendo a 15,95%, considerado por mim, ainda muito tímido. A meta é chegar a 2,0 mg/dL e os valores de referência, para homens, vão de 0,60 a 1,2 mg/dL. A melhora dos níveis de ureia, outro indicador, são maiores, 46,39%.
Faço a hemodiálise na Unidade de Nefrologia do Hospital de Clínicas Alberto Lima, em Macapá, às terças, às quintas e aos sábados, no 4.º turno, enfrentando os imprevistos de cada dia e o que chamo de ressaca do dia seguinte, nas doze horas que sucedem o desligamento da máquina.
O momento mais crítico é aquele que médicos e enfermeiros chamam de puncionamento, ou seja, o momento em que são inseridas as duas agulhas na fístula, que é o resultado de um procedimento cirúrgico onde uma artéria é ligada a uma veia para gerar um ambiente no corpo que possibilite a ligação ao mecanismo da sofisticada máquina de hemodiálise ao corpo do paciente.
Além disso, percebam, já me submeti a 42 sessões de hemodiálise e já passei por dois momentos difíceis devido a erro na hora de fazer o puncionamento.
Uma das vezes fiquei com 3 agulhas na fístula, quando restou, por 45 dias hematomas significativos na região do braço onde está a fístula – noutra simplesmente o sangue não veio para o sistema e, nessa oportunidade, a enfermeira precisou de ajuda e, sem tirar as agulhas da fístula, apenas aprofundando mais, conseguiu que o sangue viesse.
Outro problema é o momento da retirada das agulhas quando termina a sessão de hemodiálise. Os cuidados são para cessar o sangue que insiste em sair dos locais onde estavam as agulhas. Não são raras as vezes que o serviço de vedação tem que ser repetido.
Mesmo com esses problemas, estou na fé, com o apoio da família e dos amigos e a confiança na resposta do meu corpo.