Rodolfo Juarez
Os governadores dos estados brasileiros reuniram-se, no dia 25 de março de 2020, quarta-feira passada, com a justificativa de que “foram convocados por suas populações” para agir na contenção do ritmo de expansão da Covid-19 nos limites dos seus respectivos territórios. Na carta identificam o novo coronavírus como “um adversário a ser vencido com bom senso, empatia, equilíbrio e união”.
Contendo a síntese da reunião, os governadores divulgaram logo depois do término do encontro uma carta, sem destinatário, com três grupos de pedidos, todos focados em um único objeto – dinheiro –, tendo na mensagem três redações diferentes, sem comprometerem-se com qualquer tipo de meta, inclusive física, que oportunizasse aos órgãos de controle de gastos públicos, avaliar a eficácia dos gastos que os governadores fariam no enfrentamento do “adversário a ser vencido”.
O que causou estranheza foi a parte da carta que afirma que os governadores consideram essencial a liderança do presidente da República e a parceria com eles, mais os prefeitos e chefes dos demais poderes, sendo que estes últimos não participaram da reunião ou para ela foram chamados.
Identifica-se uma confusão de objetos na proposta dos governadores, pois, no mesmo parágrafo que alega que a “doença altamente contagiosa deixará milhares de vítimas” afirma que a decisão prioritária “é a de cuidar da vida das pessoas”. Não estima o número de vítimas e muito menos o número de pessoas que terão a vida cuidada por eles.
Alegam, também, que o pedido de apoio é urgente e são os mesmos já feitos em outra carta, assinada per eles mesmos, em 19 de março de 2020.
Como dito anteriormente, o centro da questão é dinheiro. Alegam que para fazer o que disseram, em regra, no plano de governo apresentado no dia do pedido de registro de sua candidatura, durante a campanha e no dia das respectivas posses, precisam de dinheiro, muito dinheiro.
Para fazer as suas obrigações, aquelas que dizem “convocados por suas populações a agir”, os governadores afirmam não ter dinheiro, que os estados estão “quebrados” e querem: a) suspensão do pagamento da dívida dos estados com as organizações nacionais e internacionais; b) permissão para utilizar o FPE e ICMS como garantia para operações de crédito nacional e internacional; c) alongamento, pelo BNDES, de prazos e carências; d) viabilização emergencial e substancial de “recursos livres” aos estados; outros, mas tendo como foco mais dinheiro.
Assim são os governadores dos estados da Federação Brasileira. Exatamente como já descrito noutros momentos. São oportunistas, sem criatividade, dependentes completos da União, ambiciosos, sem qualquer reserva para emergência, sem crédito com o empresariado do respectivo estado e acostumados a botar sua culpa na costa do primeiro que aparecer.
As qualidades que elegem como fundamentais para vencer o novo coronavírus são: bom senso, empatia, equilíbrio e união.
Se essa escolha foi a melhor, então “o adversário a ser vencido” já venceu. Não há como reconhecer nos governadores dos estados, com raríssimas exceções para justificar a regra, quaisquer dessas qualidades e nem mesmo outras como: sinceridade, honestidade, vontade de fazer, responsabilidade, confiança dos funcionários, entre outras que o momento exige.
São sim politiqueiros, descomprometidos, engessados e sem iniciativa, mas arrogantes e ambiciosos.