Rodolfo Juarez
Acabou a paciência dos empresários e trabalhadores do centro comercial da cidade de Macapá, como de todo o Estado do Amapá, com suas representações sindicais e associativas perante o Governo do Estado e a Prefeitura de Macapá, nesse momento de extrema gravidade econômica para o setor de serviço.
Os últimos dados oficiais divulgados referentes à composição do PIB do estado apresentam o setor terciário, também conhecido como setor de serviços, englobando as atividades de serviços e comércio de produtos, como responsável por 85,8% da composição, o setor secundário, o da indústria, por 9,9% e o setor primário, o da agricultura, por 4,3%.
Mesmo com toda essa dimensão para a economia do Estado, o setor terciário (comércio e serviço) não foi compreendido quando reclamou da forma como foram tomadas as medidas restritivas ao funcionamento do comércio e do serviço, golpeando, de morte, as atividades e as pessoas que viabilizam o seu funcionamento.
A nota pública veiculada no dia 2 de abril deste ano corrente, para conhecimento de toda a sociedade, pelos trabalhadores do centro de Macapá manifestando a sua indignação contra “as medidas relacionadas ao funcionamento do comércio local, tomadas a partir de informações e orientações da Federação do Comércio do Amapá (Fecomércio)” demonstra que os empresários e funcionários do comércio não estão satisfeitos com a representação que têm, inclusive com a inércia da Associação Comercial e Industrial do Amapá (ACIA).
A nota pública considera que a Federação do Comércio é uma entidade dirigida “por pessoas que desconhecem a realidade econômica do estado” e, por isso, “não representa, nem de longe, os comerciantes que atuam no centro de Macapá”, incluindo camelôs, vendedores ambulantes, prestadores de serviços, comerciantes e funcionários do comércio.
Lamentam o descaso da Fecomércio, da Associação Comercial, dos sindicatos patronais e de trabalhadores, pelo fato de nenhuma dessas organizações terem se reunido com os comerciantes, ou prestadores de serviço, ou ambulantes, ou camelôs procurando explicar o cenário devido ao novo coronavírus e, simplesmente concordado, sem qualquer consulta aos diretamente afetados e seus mantenedores, com os decretos que foram baixados pelo prefeito de Macapá e pelo governador do Estado do Amapá.
Os trabalhadores do centro do comércio declaram na nota pública que entendem e respeitam as medidas sanitárias de contenção epidemiológicas, entretanto, garantem que têm condições de manter o funcionamento do comércio sem desrespeitar tais medidas, na forma como vem acontecendo em outras cidades brasileiras.
Os trabalhadores do comércio, incluído aí os empresários e prestadores de serviço, entendem que teriam que ser ouvidos antes que as medidas, que os afetam diretamente, serem tomadas, pois poderiam vê-las melhoradas ou mesmo, se extremas, tomadas com a participação dos diretamente interessados, além dos clientes.
Já adiantaram os que assinaram a nota pública que estarão formando uma comissão de representantes do comércio para buscar a interlocução junto ao poder público estadual e municipal em busca de solução, não apenas para a questão particular de cada um, mas para a própria economia do Amapá.
Não é porque estamos enfrentando uma pandemia que apenas os poderes públicos, que existem para gerenciar os interesses da sociedade, nesse momento saibam de tudo e não precisem de ninguém.
Os geradores de emprego e renda precisam ser ouvidos antes de verem finalizadas as propostas para a solução que lhes pode impor sacrifício extremo, como o de perder a sua única fonte de renda.