Rodolfo Juarez
Até agora as autoridades públicas que têm como obrigação precípua cuidar do bem-estar da população não têm conseguido ser eficazes no atingimento das metas que estabelecem para enfrentar o vírus chinês, o novo coronavírus.
Apesar de ter tido um tempo para montar as barreiras, definir as trincheiras e identificar os abrigos, as ações tomadas foram muito tímidas e deixaram flancos abertos por onde o inimigo se infiltrou e fez o combate corpo-a-corpo pegando todos desarmados e despreparados para um briga, imaginem para uma guerra.
Não levaram em conta o treinamento e a preparação da população para o embate!
Os “generais” preferiram elaborar sozinhos as medidas restritivas que adotariam, sem levar em consideração que o inimigo comum poderia resistir mais tempo além daqueles enigmáticos 14 dias. As medidas locais foram adotadas segundo as experiências tomadas na China e na Europa, e sob as confusas propostas da Organização Mundial da Saúde (OMS), instituindo as barreiras sanitárias.
Por aqui, no estado, e em Macapá não se lida, há muito tempo, com as questões sanitárias, provavelmente as mais precárias do Brasil, com uma população que vê o esgoto passar na sua porta, ou por baixo de sua casa e a água tratada não chega para mais da metade da população da capital, além de abrigar o maior índice nacional de desempregados.
Claro que parar compreender tudo e o que chega de repente, a população precisaria de suporte especial para quem ganha, a cada dia, o dinheiro para a alimentação do dia seguinte, para que pudesse ficar em casa com, pelo menos o que comer durante os 14 dias da quarentena.
Por isso o “fique em casa” acabou não dando os resultados anunciados de que bastaria passar 14 dias em quarentena e todos se livrariam do vírus. O procedimento desejado foi batizado de “isolamento social”, isso para um povo que demonstra preferir a Democracia a qualquer outro regime, por causa da liberdade.
O isolamento social funcionou – e olhe lá –, para aqueles que são funcionários públicos e têm assegurados os seus salários no fim do mês ou pelo menos pensam assim. Também para os empresários que desenvolvem atividades consideradas essenciais, que podem manter o seu caixa aberto e entrando dinheiro.
Houve a proibição da aglomeração de pessoas e aí os problemas se agigantaram porque ninguém se preocupou com um plano que tornasse possível o isolamento social e a não aglomeração, com a população tendo que ir ao banco, ao supermercado, à farmácia e a outros locais que entraram na lista de atividades essenciais.
A promessa de achatar a curva não se confirmou. A curva, infelizmente continuou convexa, subindo, e ainda sem qualquer garantia de quando a curva começará achatar, a população voltar à vida normal e as autoridades selecionarem a parte que lhes interessa para colocar no relatório que vai precisar para justificar os gastos extraordinários.
Todos sabiam que o sistema estadual de saúde apresentava péssimas condições de atendimento. As reclamações acontecem há anos, feitas por aqueles que contaram com o atendimento e não o tiveram.
Então, o que esperar?
Milagre?!
Nem equipamento de proteção individual os profissionais de saúde, que atuam na linha de frente, no combate às doenças instaladas, dispõem. Os centros de tratamento intensivo estão sucateados. Exames, inclusive de sangue, não são feitos na rede estadual de saúde, sabe-se lá por que. A situação é conhecida e reconhecida pelos gestores estaduais e, obviamente, eles não seriam um bom recepcionista nesse momento.
Quanto ao achatamento da curva, todas as projeções falharam.