Rodolfo Juarez
Ainda dentro de um cenário onde ninguém se livrou novo coronavírus, apressados gestores públicos já começam a pagar mídia, que classificam como institucional, na televisão, no rádio, nas páginas dos respectivos poderes, falando de um “sucesso” no combate do vírus que apenas eles percebem.
Mostram, como se fosse um grande feito, a disponibilização de leitos de UTIs em ambientes considerados provisórios e que, a bem da verdade, deveriam estar, desde muito, prontos para servir as necessidades do povo, que procura os serviços de saúde e encontra, quando encontra, tudo lotado, inclusive os corredores dos hospitais da Capital.
Gastam um dinheiro que está escasso e que poderia ser mais bem aplicado ou então aplicado em atividades ou investimentos que fossem permanentes.
Não é nenhuma vantagem a improvisação feita para atender às necessidades da população e, já agora, quando ainda muitos estão sofrendo nas UTIs e nas enfermarias, ou mesmo recolhidos em casa, os governantes entendam que já é momento para tentar convencer o povo a esquecer das mazelas que tiveram que experimentar todas as vezes que precisaram dos ambientes de internação para curar-se da covid-19.
O problema é tão grave que, quando um paciente sai da UTI tendo como destino a casa dele, chamam a “imprensa amiga” para gravar os aplausos de médicos e paramédicos; com relação aos que saíram e ainda saem desses ambientes diretamente para o cemitério, as famílias têm dificuldades para obter informações. Não tem conforto e nem explicação dos que aplaudem quando sai um “vencedor” do causador do mal.
A pandemia está dando oportunidade para que os gestores públicos que tivessem que se redimir se redimissem. Mal qual nada, a propaganda pessoal encoberta pela “capa da irresponsabilidade e das divulgações institucionais” estão propondo que a população entenda que o governo fez o certo e, ao que nos parece, os que morreram foi apenas uma fatalidade.
Não foi fatalidade coisa nenhuma. Foi desleixo!
O sistema responsável pelos serviços de saúde não tinha espaço nem para as necessidades sem qualquer pandemia, imagine-se para atender uma emergência provocada por uma doença da qual pouco ou nada se sabe.
O pior é que, quando desmontadas as “tendas”, nada novo ficará para atender o pessoal que precisa de uma cirurgia de média ou alta complexidade. Como o dinheiro gasto veio do Governo Federal, a impressão que fica é o da insensatez por não compreender que, o dinheiro do Governo Federal é, também oriundo dos tributos pagos pela população.
O fato é que essas propagandas constrangem a imensa maioria e não engana ninguém, a não ser aqueles que querem ser enganados.
Já passou do tempo do sistema estadual de saúde pública do Amapá contar com ambientes que, pelo menos, pareçam com hospitais onde a triagem seja objetiva e os encaminhamentos sejam para ambientes que deem confiança para os pacientes.
Não adianta colocar os que precisam de atendimento nos “depósitos” como vem sendo feito desde muito, com os corredores cheios de pacientes sobre macas das ambulâncias, algumas impedidas de cumprir o seu papel no sistema.
Vai passar a pandemia e o número de leitos, seja de UTI seja de enfermaria, continuará sendo o mesmo de antes da pandemia. Ah! Mas agora vamos contar com o ambiente do Hospital Universitário. Acredito que não. Aquele hospital tem outro objetivo e outra gestão. O que é preciso é tomar a decisão de concluir as obras que estão paradas há mais de 6 anos na área do Hospital das Clínicas Alberto Lima (HCAL).