Rodolfo Juarez
Estamos a menos de trinta dias de uma eleição que deve passar para a história das eleições no Brasil, como a Eleição da Covid-19 ou eleição da pandemia. A pandemia, entre as mudanças que provocou em todo o mundo, está aquelas que afetaram as eleições municipais deste ano no Brasil, com novos procedimentos para o eleitor, os mesários e os fiscais.
Mas, além disso, também provocou jogos em estádios vazios, uso obrigatório de máscara, retrocesso na identificação do eleitor, que volta a assinar a folha de votação ou coisa que o valha, sem poder usar a digital para não contaminar o ambiente e as pessoas que nele estão.
Os eleitores deixarão de ser iguais perante a lei no dia da eleição, uma vez que o TSE separou um horário para os maiores de 60 anos, afastou a possibilidade do cochicho devido ao afastamento mínimo, afastou, também, conversas na fila sem ser aos gritos devido a distância obrigatória e ainda mandou quem apresentar qualquer sintoma de contaminação pelo coronavírus, a partir do dia 2 de novembro, que fique em casa. E não vote! Essa é uma precaução, dentro da preocupação.
Ora, se todos estarão protegidos por máscaras e os mesários por máscara e face shield, mantendo a distância mágica de metro e meio, com o eleitor usando a sua própria caneta para assinar e, a cada verificação de necessidade o ambiente seja higienizado, então por que o eleitor está sendo orientado a ficar em casa e não votar?
A abstenção registrada nas últimas eleições, sem qualquer restrição, já é grande, pois, há dificuldade de convencer o eleitor a sair de casa e ir até a sua sessão eleitoral e votar. Certamente será maior a abstenção com a propaganda do TSE, durante o horário eleitoral gratuito, quando manda que o eleitor fique em casa.
Como esperar uma abstenção comportada ou pelo menos na média contabilizada nos últimos anos de eleição? Mas é assim. O eleitor tem que ser uma pessoa que compreenda tudo isso, inclusive as dificuldades de terceiros para cumprir a sua própria obrigação.
Nessas circunstâncias me parece que cresce a responsabilidade do eleitor, principalmente daquele que não é engajado politicamente com qualquer ideologia, ou como oportunista, como devedor de favor, ou mesmo daqueles que se apresentam como mercadoria, estando à venda para quem pagar mais.
Deixando sem contabilizar esses que são presos ideológicos, oportunistas e se apresentam como mercadoria, há os eleitores que vão decidir a eleição. São aqueles aparentemente não engajados, anônimos, mas que prestaram a atenção em tudo e se prepararam para dar a resposta na hora de votar. O eleitor anônimo é a grande maioria. São os eleitores anônimos ou invisíveis que decidem a eleição.
Além de esses eleitores formarem a maioria, ninguém sabe, antecipadamente, em qual candidato vai votar. É por isso que uma campanha não pode ser apenas resolvida pelos clamores do fígado ou o coração, ou mesmo do estômago. A maioria das soluções para os problemas de uma campanha passa, obrigatoriamente, pelo cérebro.
Já foi o tempo que os coordenadores de campanha não tinham o planejamento da campanha como suporte, como também já foi o tempo de os candidatos a prefeito não considerarem na campanha o seu plano de governo, dos candidatos a vereador apresentar-se como secretários municipais, querendo fazer coisas com as quais não vão lidar.
É para isso que ainda serve o horário eleitoral gratuito: para o eleitor avaliar o candidato, no que falam no rádio e na TV e o que escrevem nos seus planos de futuro. Aliás, no caso de Macapá, o eleitor não tem de se queixar por falta e alternativa: são dez os candidatos. Mas o desejo é no sentido de que o eleitorado macapaense e dos demais municípios, compreendam que são eles que vão decidir.
Então, que assuma essa responsabilidade e se tiver dificuldade, vá por eliminação. É um bom método.