Ao lado do ministro Marcos Pontes, presidente visitou instalações do laboratório, que faz parte do CNPEM, organização social vinculada ao MCTI.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, participou na semana que passou, em Campinas (SP), da inauguração da primeira linha de luz sincrotron do Sirius, o acelerador de partículas brasileiro.
Maior infraestrutura de pesquisa do Brasil, o laboratório faz parte do Centro Nacional de Pesquisas em Materiais (CNPEM), organização social vinculada ao MCTI. Ao lado do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, o presidente visitou as instalações do Sirius e deu início ao acionamento do sistema.
O Sirius é composto por um conjunto de aceleradores de elétrons, por estações experimentais, chamadas de linhas de luz, e por um prédio que abriga todo esse complexo.
A infraestrutura funciona como um microscópio superpotente, que revela a estrutura molecular, atômica e eletrônica dos mais diversos materiais, o que permite pesquisas nas mais variadas áreas do conhecimento, como medicina, agricultura, geração de energia e nanotecnologia.
No evento, o presidente destacou a capacidade dos pesquisadores brasileiros e o potencial de crescimento para o país que a obra representa.
“É simplesmente fantástico. Faltam palavras para definir essa obra. Ela materializa para todos nós o futuro. Isso demonstra a capacidade do cientista brasileiro. Dada a excelência das empresas vizinhas a essa obra, por que não temos o Vale do Silício da Biotecnologia? Rendo minhas homenagens aos cientistas, pesquisadores, engenheiros e os mais humildes servidores daqui, todos constroem o futuro. Aqui podemos buscar a independência na nossa nação”, disse.
Já o ministro Marcos Pontes ressaltou que o acelerador de partículas, junto com as outras estruturas do CNPEM, será capaz de transformar a região em um polo de biotecnologia do país.
O ministro também lembrou o papel do Centro nos testes iniciais que culminaram nas pesquisas clínicas que comprovaram que a nitazoxanida é eficiente na redução da carga viral de pacientes com sintomas iniciais de Covid-19.
“Os números vão ser apresentados quando for publicado o artigo científico, mas não poderíamos esperar um mês para anunciar que a nitazoxanida funciona para reduzir a carga viral da Covid-19. Todos os ensaios com mais de 2 mil medicamentos e os testes em laboratório com 5 substâncias começaram a ser desenvolvidos aqui no CNPEM. Muita gente vai deixar de morrer por causa do trabalho feito aqui e isso é muito bom”, afirmou.
Para o diretor-geral do CNPEM, José Roque, o Brasil possui um grande diferencial para o futuro em sua biodiversidade e nas pesquisas com biotecnologia. “Conhecimento é o futuro. Conhecimento é soberania e é ele vai permitir que o país consiga competir mundialmente. O que diferencia o Brasil e vai permitir que ele se posicione no mundo de maneira diferenciada é sua biodiversidade, seus biomateriais. Para que a gente consiga transformar o sonho de cada brasileiro em realidade é fundamental que a gente invista em ciência e tecnologia e formação de pessoas”, pontuou.
Sobre o Sirius
Sirius é um grande equipamento científico, composto por três aceleradores de elétrons, que têm como função gerar um tipo especial de luz: a luz síncrotron. Essa luz de altíssimo brilho é capaz de revelar estruturas, em alta resolução, dos mais variados materiais orgânicos e inorgânicos, como proteínas, vírus, rochas, plantas, ligas metálicas e outros.
A luz síncrotron é obtida a partir da aceleração de elétrons a uma velocidade próxima da luz (300 mil km/segundo). Os feixes de elétrons com uma espessura 35 vezes menor que um fio de cabelo percorrem tubulações mantidas em condições de ultra-alto vácuo, ainda mais livres de impurezas e obstáculos que as encontradas no vácuo espacial. A trajetória desses elétrons é guiada por mil imãs distribuídos ao longo de toda a circunferência de 518 metros. Cada vez que, pela força magnética, são obrigados a fazer curvas, eles emitem luz síncrotron.
Esta luz, emitida em um feixe extremamente brilhante e concentrado, permite a realização de experimentos nas mais variadas áreas do conhecimento científico, com aplicações em campos também bastante variados, como saúde e medicamentos, exploração de petróleo, bioquímica, energia, nanotecnologia, agricultura, paleontologia, entre muitas outras. Esses experimentos são realizados nas estações de pesquisa, chamadas linhas de luz.
As linhas de luz funcionam de forma independente entre si e permitem que diversos grupos de pesquisadores trabalhem simultaneamente. A Manacá, primeira linha de luz do Sirius a receber propostas de pesquisa, é dedicada a estudos de moléculas biológicas. A partir de agora, pesquisadores experientes no uso da tecnologia síncrotron, vindos do Brasil e de todo o mundo, são convidados a submeter suas propostas de pesquisa para utilização da linha de luz Manacá.
Outras cinco linhas de luz (Carnaúba, Cateretê, Ema, Ipê, Mogno) seguem em fase avançada de montagem e deverão ter montagem concluída até o final deste ano. A primeira fase do projeto prevê a instalação de um total de 14 estações de pesquisa até o final de 2021.
Projetado por brasileiros, o Sirius tem cerca de 85% de seus recursos investidos no País, seja em suas equipes internas ou em parceria com empresas nacionais. Além da construção civil, foram estabelecidos contratos com mais de 300 empresas de pequeno, médio e grande portes, das quais 45 estão envolvidas diretamente em desenvolvimentos tecnológicos, em parceria com o CNPEM.