Rodolfo Juarez
O eleitor amapaense é incrivelmente participativo e sabendo que, em algum lugar tem uma “urna” aberta, lá vai ele para participar daquele “processo” “votando” ou, simplesmente dando sua opinião. Às vezes o simples fato de colocar o voto naquela urna basta, mas doutras vezes não. Quer saber quem está fiscalizando, quando vai ser aberta e avisando que quer estar presente.
Sabe que essas consultas são socialmente interessantes?
Não fosse não chamaria a atenção. Como é, merece a consideração do organizador e a participação do eleitor.
Os candidatos são os mesmos que os partidos inscreveram para disputar o pleito no dia 15 de novembro. Candidatos a prefeito são: em Macapá, 10; em Santana, 9. E ainda tem mais 14 municípios onde estão em torno de 30% dos eleitores aptos a votar.
Mas é na televisão que se tem a parte hilária da campanha. O espetáculo fica por conta dos candidatos. Mas, o candidato a vereador é o mais notado. Alguns, ao invés de dizer que são candidatos a vereador, estão, ao que parece, em campanha para ser secretário ou coordenador na Prefeitura de Macapá.
O tempo e a dificuldade para passar a mensagem que imaginou desde o dia em que decidiu ser candidato, não combinam. É muito texto para pouco tempo! Mesmo assim lá vai ele, o candidato, disposto a aproveitar o máximo daquele tempo que lhe deram e do texto que não consegue decorar.
São tantas vezes que repete a gravação para o exigente diretor, que alguns vão para casa sem gravar a sua minúscula mensagem, brabo, tendo convicção que se o deixasse a gravar tudo o que pensou, estaria eleito.
Mesmo assim, depois de muitas repetições, consegue gravar o seu “pronunciamento” e vai para casa, esperar pelo dia em que vai aparecer na TV.
Convida o pessoal da campanha, os membros da família que acreditam no seu potencial na eleição e amigos que juram que vão votar naquele candidato. E os cinco segundos passam, a fala do candidato acontece, todos levantam e ele, ansioso pela avaliação, fica chocado: ninguém quer falar.
O pessoal começa a sair, são mais de 10 pessoas, e a esposa dele faz o primeiro comentário e confessa: “não gostei”!
Basta isso para que o candidato desconfie dele mesmo, de seu potencial eleitoral e que todo o dinheiro que tem para a campanha que poderia ser reservado para outras coisas. Mas agora está comprometido com o partido. Ufa!
Essa é a saga do candidato a vereador que ainda não foi votado e que desconfia de tudo e de todos, principalmente quando não tem “padrinho forte” para abençoá-lo depois das decepções, principalmente a do programa de TV. Tanta esperança que se esvai em pouquíssimo tempo.
Esse quadro é o resultado da falta de criatividade do Tribunal Superior Eleitoral quando, pelas suas regras, autoriza 13 candidatos para uma vaga na Câmara de Macapá, e dá um tempo menor que um segundo para se apresentar e pedir o voto.
Depois quer prestação de contas igual para todos os candidatos, mesmo sabendo que a maioria deles não vai exercer o direito de aparecer na TV e falar no rádio.
Isso uma hora vai ter que mudar.