Fernando França
O “kit Covid” distribuídos por várias prefeituras, incluindo a de Macapá por autorização do próprio prefeito, o médico Antônio Furlan, está causando hepatite medicamentosa. É o que conclui estudos realizados pela Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade de São Paulo (USP) e divulgados largamente pela imprensa nacional na manhã de hoje, 23. Pacientes estão na fila para transplante de fígado.
Questionada pela reportagem sobre qual medida pretende tomar após a divulgação do estudo pela Unicamp, a prefeitura de Macapá, por meio da assessoria de imprensa, assegura que o município não vai suspender a distribuição do “kit Covid”, largamente defendido pelo prefeito Furlan como alternativa de tratamento precoce.
Conforme informações, a prefeitura de Macapá já distribuiu 80% dos 150 mil kits que estavam sob posse do município, ou seja, ainda há 30 mil kits para distribuídos a população carente da capital.
O Hospital das Clínicas da Unicamp confirmou que identificou um caso de hepatite medicamentosa relacionada ao uso do “kit covid” – tratamento sem eficácia comprovada e refutada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), por cientistas de todo o munod. O paciente estudado presentou os sintomas de hepatite após ter usado o “kit”.
“Ele chegou com uma síndrome de doença hepática pós-Covid. Mas quando analisamos, vimos que não se enquadrava muito bem na síndrome. Tinha alterações específicas e analisamos a biópsia. Era, na verdade, uma hepatite medicamentosa que causou a destruição dos dutos biliares, e o paciente tinha usado somente, nos últimos quatro meses, remédios do ‘kit Covid'”, relatou Ilka Boin, professora e médica da unidade de transplante hepático do HC, em entrevista à imprensa.
Pelo menos quatro pacientes que fizeram uso desses remédios e vitaminas que compõem o “kit Covid”, entraram na fila de transplante de fígado após serem atendidos tanto em hospitais da Unicamp e da USP (Universidade de São Paulo).