O Campus de Porto Grande, que tem Medicina Veterinária, está fechado temporariamente e por isso o Sisu não destinou vagas para aquela unidade.
Mesmo tendo que vencer as dificuldades de acesso à internet e, durante o mês de novembro, os problemas do apagão, Mateus Barbosa, um jovem agricultor de 19 anos, conciliou as atividades que faz com a enxada com aqueles que estão definidas nos livros de preparação para o Enem e as pesquisas de modelos das provas de outros anos e o de redação 1.000. Fez a prova e quando saiu a nota tornou-se o aluno de redação 980. Foi a maior de todas de todo o Estado do Amapá.
O prodígio é morador da comunidade do Cruzeiro, no município do Amapá-AP, que dista mais de 300 km de Macapá. Sua tática para enfrentar as provas constou em priorizar e fazia, como exercício, uma a cada três dias da semana.
Tinha certeza que a redação puxava o estudante para cursos à escolha, mas para isso tinha que estudar todos os dias, apesar do cansaço.
Mateus garante que a leitura diária é fundamental a quem deseja ter um bom desempenho na redação do Enem e forte dedicação. Para tanto garante que pode dar uma dica: todos têm que ler, pois ler é a principal saída para ter um bom desempenho na prova e especialmente na redação. Ler muito, confirmou, é caminho certo para sair bem na redação. Ler, no mínimo, 100 redações nota mil.
“Confesso que a minha vontade era chegar à nota 1.000 na redação, mas a minha expectativa era ficar com pouco menos e, deu certo, tirei 980 que já soube que foi a maior nota em redação do Estado”.
Mateus Barbosa fez a versão impressa do Enem, que teve como tema para redação “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”. Gosto da temática e fez o texto tangenciando a Constituição Federal, os ensinamentos de John Locke e da escritora Martha Medeiros.
A intervenção foi na direção de que o Poder Executivo realizasse campanha nacional de combate às doenças mentais com o fim de amenizar as graves consequências decorrentes da situação através da promoção de palestras, oficinas e debates nas escolas.
Mesmo com o resultado o estudante não conseguiu nota para o curso que almejava: medicina veterinária, para fazer no município de Porto Grande. Acontece que este ano não teve o Sisu. “Vou ter que estudar mais este ano para fazer o Enem, de novo, para tentar o curso que eu quero”.
Mateus garantiu para a reportagem que enquanto não alcançar a sonhada aprovação vai continuar estudando, já que é acadêmico da Universidade Estadual do Amapá e de Letras-Inglês em uma instituição particular.