Rodolfo Juarez
Ainda não tem um estudo fundamentado, ou se tem não conheço, sobre o movimento de emigração dos jovens amapaenses na direção das cidades da região sul do país, principalmente para os municípios do interior do estado de Santa Catarina.
Não se trata de uma emigração em busca de qualidade de vida, mas sim de uma emigração em busca de oportunidade de trabalho e, em consequência, de emprego e de estudo.
A questão central: qual é o perfil desses amapaenses que estão buscando oportunidades de emprego e estudo nos estados do Sul e principalmente em Santa Catarina?
Aparentemente trata-se, basicamente, de jovens que entendem que têm talento suficientes para que sua capacidade seja aproveitada no desenvolvimento daqueles estados sulistas.
As histórias sempre são canalizadas para um mesmo roteiro: vai um membro da família, sonda o ambiente, arranja o sonhado emprego e, em menos de seis meses, já volta aqui apenas para buscar os familiares, anunciando que tem emprego onde está, vendendo tudo o que a família construiu aqui e mudando, todos, para onde aquele membro foi como desbravador e que agora volta vitorioso por ter conseguido o emprego, a vaga na escola e com a perspectiva de que o mesmo vai acontecer com os seus familiares, tanto para aqueles que estão em busca de trabalho, como para aqueles que estão precisando de uma boa escola.
O exercício de comparar as avaliações das escolas daqui e do sul do Brasil nos deixa em grande desvantagem. O Amapá, infelizmente, já faz algum tempo que não consegue subir na escala de classificação de resultados nas comparações nacionais na educação.
Mas, e depois, quando precisarmos dos nossos talentos que estão, por iniciativa própria, deixando o Estado?
Certamente que vão fazer falta!
Estamos perdendo esses talentos para os estados do Sul. É preciso que haja uma ação no sentido de estabelecer atrativos para que se evite essa emigração.
Temos históricos, como de 50 anos ou mais, do aproveitamento dos talentos nativos, sem qualquer distorção profissional, mas com a capacidade criativa dos gestores públicos e empresários privados, possibilitando que o fluxo fosse ao contrário, com o Amapá sendo ponto de atração de profissionais talentosos, de diversas áreas, que participaram do desenvolvimento naquele momento.
Todos precisamos despertar para evitar que o Amapá continue sendo ponto de saída de talentos e, ao contrário, possa trazer de volta os que já se foram e ainda contar com o trabalho de outros nacionais ou não nacionais, mas talentosos, capazes de contribuir para o desenvolvimento e o crescimento estrutural do Amapá.