Josiel Alcolumbre – Jornalista
“No meio do caminho tinha uma pedra/tinha uma pedra no meio do caminho”. Quando o escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade publicou, em 1928, na Revista Antropofagia, o poema No Meio do Caminho, não projetava que o reconhecimento de um problema se transformaria em uma obra prima.
Toda vez que um analista ou editorialista tem a oportunidade de analisar ou pautar uma questão mal resolvida na administração pública, sempre vem à mente o poema “No Meio do Caminho”, mesmo sendo uma obra quase centenária a analisar coisas simples do cotidiano, mas feroz quando quer mostrar erros administrativos que não se justificam neles mesmos, como também, nos remendos que são tentados colocar com o intuito de superar erros grosseiros.
A pedra no meio do caminho, nesse caso, responde pelo nome de Tribunal de Contas do Estado (TCE), agora junto de outras “pedras” como Sindicato das Empresas de Transporte do Amapá (SETAP), Tribunal de Justiça do Estado do Amapá (TJAP) e técnicos do setor de transporte e presidentes de comissões de licitação para avaliar a proposta que a Prefeitura de Macapá, organizada (ou desorganizada) pela CTMac, para definir o preço justo que o usuário deve pagar para deslocar-se dentro da capital.
Faz tempo que esse problema vem animando a insatisfação de todos: do usuário que paga tarifa considerada “injusta”, o município de Macapá que não se entende nem com os vereadores, e a Justiça Estadual que tem sido o ente que define o valor da tarifa no transporte coletivo, tão somente à luz do direito, sem considerar o ambiente social em que vive o usuário.
Mais uma vez o problema está posto: a licitação foi contestada, analisada e, por fim, desconsiderada, por erro ou por ter sido malfeita.
É preciso entender que a pedra no meio do caminho precisa ser tirada para que não haja mais obstáculos, sejam eles plantados ou sem o alicerce de conhecimento ou vontade.
Que me desculpe o Drummond!