Rodolfo Juarez
As despedidas do ano de 2022 dos dirigentes do Município de Macapá como prefeito, secretários, técnicos e colaboradores têm sido em tom dissonante, uma aparência do que foi todo o segundo semestre deste ano.
Desde que assumiu o cargo de prefeito, no começo do ano de 2021, e nomeou os colaboradores que escolheu, o prefeito da Capital vinha surfando uma onda tranquila, dispondo de dinheiro de emendas parlamentares e de aprovação de projetos nos ministérios, em Brasília, suficiente para abrir frentes de trabalho na parte que mais agrada a população: o asfaltamento e a sinalização de vias urbanas.
Havia recebido, do gestor anterior, um sistema de atendimento à saúde básica funcionando na plenitude, com prédios novos ou recuperados e abastecidos de medicamentos e correlatos, com médicos e paramédicos atuando nos postos de saúde e nas unidades básicas de saúde, fazendo com que a população alcançasse um grau de satisfação e confiança só visto em tempos já distantes.
Mesmo com desentendimentos administrativos havidos nos primeiros seis meses da gestão, provavelmente uma consequência do grupo heterogêneo que compunha o primeiro escalão da administração municipal, com forças políticas emergidas na campanha e que se agruparam, no segundo turno, com objetivo de vencer o pleito.
Passados os primeiros seis meses, o segundo semestre de 2021 foi considerado tranquilo pela administração municipal da Capital, com o prefeito e equipe convivendo com um verão amazônico colaborativo e inaugurações de pequenas obras que deram grande visibilidade para o principal gestor, o prefeito.
Havia uma espécie de preparação para o ano de 2022, quando seriam realizadas as eleições nacionais, escolhendo o presidente da República, e as eleições regionais, escolhendo o governador do Estado, um Senador da República, 8 deputados federais e 24 deputados estaduais.
O ambiente foi considerado, pelo prefeito e seus colaboradores mais diretos, como perfeito para avançar na política local, se firmando como uma grande liderança e, para tanto, entendeu que tinha que apresentar e apoiar candidatos a todos os cargos oferecidos nas eleições regionais.
O seu partido, o Cidadania, é um partido político de alinhamento entre centro-direita e centro-esquerda, fundado e registrado em 1992 com o nome Partido Popular Socialista (PPS), por iniciativa de parte dos membros do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), e que, para as eleições de 2022 formou federação com o PSDB.
O resultado da eleição regional não foi o almejado pelo prefeito: apoiou o candidato do PSD ao cargo de Governador e perdeu; apoiou a candidata do MDB a uma vaga no Senado e perdeu; lançou (federação com o PSDB) candidatos a uma das 8 vagas na Câmara Federal e nenhum se elegeu; e lançou candidatos a uma das 24 vagas na Assembleia Legislativa e elegeu uma deputada.
O ambiente que se desenhava perfeito para investir no prestígio político nascente não se confirmou, além do afastamento administrativo que sempre é prejudicial ao resultado, perdeu apoios importantes que vinham inflando a gestão que imprimia no município.
Sem dinheiro do orçamento e sem o apoio de outrora, restou a tentativa frustrada de um empréstimo (não aprovado pelos vereadores), atraso em importantes projetos para a estrutura administrativa e, ainda, perdeu aliados dispostos a turbinar a sua administração.
O inverno do 1.º semestre de 2023 é o desafio do momento. Os problemas próprios do período já começaram. Resta botar o pé no chão e tentar recuperar o estrago