Rodolfo Juarez
As dificuldades que as cidades, vilas e vilarejos amapaenses enfrentam e que os coloca na rabeira da lista das cidades com melhores e piores ofertas de qualidade de vida para a população residente, só serão superadas com ações diferentes, audaciosas e inovadoras.
Só recursos financeiros e a prática contumaz administrativa não serão suficientes para modificar esse quadro. É preciso de audácia, gestão diferenciada e pessoal qualificado e comprometido com um programa, que não precisa ser de longo prazo, para recuperar o tempo perdido e deixar para trás as propostas gerenciais que não deram ou não estão dando certo.
Os gestores das cidades e mesmo os do estado, precisam enfrentar a rotina e deixá-la alojado no passado. É preciso que os gestores escolhidos honrem a confiança que lhes foi dada pela população, quando das eleições que os escolheram para assumir o papel de revolucionários administrativos, largando ao passado as práticas adotadas até o momento.
O Amapá é um estado novo, com potencial anunciado e não explorado, conhecido por toda a população como sendo o “estado do já teve”, e quando analisado com isenção, se passa a compreender o porquê dessa classificação que funciona como um desabafo das pessoas que moram em cidades que não atendem, como já deviam, as populações.
A solução para os grandes problemas das 16 sedes municipais, das vilas e dos vilarejos espalhados por todo o Estado, não pode seguir o mesmo script já adotados em passado recente.
O fornecimento de água tratada para apenas 35% da população, coleta de esgoto sanitário de menos de 10%, drenagem das águas da chuva sem qualquer perspectiva de ser resolvido, as vias precariamente asfaltadas, sem calçada, meio-fios, linha d’água são exemplos de decisões que não deram certo.
Houve vontade, mas não houve continuidade nos projetos desenhados, discutidos e debatidos levados à população como o “água para todos em 2010”. Esse projeto, por exemplo, tinha realmente essa proposta, mas ficou nas gavetas dos executivos, abandonados na primeira dificuldade, ou quando “perderam a primeira chave” ou identificaram a primeira dificuldade.
Por que isso?
Não há explicação para Macapá, por exemplo, ter ficado muito para trás, quando comparado com Boa Vista, capital de Roraima, inclusive no Ranking do Saneamento 2022 lançado recentemente pelo Instituto Trata Brasil.
A União tem um débito grandioso para com a população do Amapá. Cobrar isso é preciso, querer isso exige mudança de comportamento e dedicação de todos aqueles que disseram que lutariam para que a melhoria fosse para todos.
Mudar o foco da administração é necessário. Um dos homens mais referidos pelos outros de todo o mundo, Steve Jobs, na revolução que empreendeu para o desenvolvimento tecnológico no Vale do Silício, certa vez disse que, naquelas circunstâncias “é melhor ser um pirata do que se juntar à Marinha”.
Ele também disse que para mudar o que parece imutável é preciso “pensar diferente” e reconhecer que “a jornada é a recompensa”.
Ser o “pirata”, “pensar diferente” e entender que “a jornada é a recompensa” seja o que a população do Amapá espera dos seus escolhidos, os eleitos ou aqueles que ela paga para frequentar, gratuitamente, as universidades públicas.