Rodolfo Juarez
Estou perto de completar 76 anos de idade e já tendo que carregar a sobrecarga de um idoso.
Apesar de todas as propagandas feitas, começando com a divulgação daquilo que seria a “melhor idade”, não vejo as vantagens dessa etapa da vida para dizer que se trata, mesmo, de melhor idade.
A “batalha” para enfrentar as necessidades do dia a dia, com condições físicas muito menores, continua sem trégua com os outros imaginando que estamos satisfeitos e bem encaminhados.
Satisfeitos, no meu caso particular, sim. Fiz, e fiz muito, por todos aqueles que caminharam ao meu lado, durante a minha atividade profissional, seja como agente público, seja como negociante, o substantivo que apresenta a pessoa que exerce o comércio ou que resolve ser um homem de negócio.
Primeiro eu tinha certeza de que a escolha em ser agente público deixava mais resultado para a sociedade. Agora, analisando todo o contexto, aquela certeza não me é clara, considerando que o homem de negócio acaba sendo o grande responsável pelos empregos.
Nasci quando os homens e países considerados mais à frente, encerravam a Segunda Guerra Mundial e, até hoje, ainda estão presentes os efeitos de um evento trágico que, por isso, não terminou.
Fui ser servidor público (professor) quando os militares tomaram conta da administração do Brasil, depois veio a “abertura” esperada e demorada, a transição de 1985, a Constituição de 1988 e, até agora, o Brasil procura por melhoria com muitos discursos e poucos resultados.
Neste tempo vivi um Amapá Território Federal, governado por gente de fora do Amapá, alguns trabalhadores, outros nem tanto; alguns arrogantes sem entender a sua própria responsabilidade, contrapondo outros com dedicação e zelo.
Depois, com a emancipação política de 1991, quando os eleitores amapaenses puderam eleger deputados estaduais, governador e vice, e senadores, foi pregado que seria a grande conquista. O que ficou provado é que todos precisam aprender a lidar com o sistema, o que fazemos muito depois dos mais espertos.
Basta olhar para trás que a lista está escrita na história para todos e na mente daqueles que viveram o tempo desse tempo.
Atualmente, pelo menos a maioria vive um momento de expectativa, com uma modificação comportamental que, entretanto, não garante que o resultado seja aquele que o estado precisa.
O interior do estado, muito abandonado e sem garantia de melhoria, vivia as experiências de que “pior não poderia ficar”. Agora começa a receber ações que podem modificar, para melhor, a qualidade de vida da população, mas, isso é sem garantia, uma vez que falta competência técnica interiorizada para sustentar a eficácia das oportunidades.
Estou agora, aos 76 anos de idade, lutando para permanecer ativo, contributivo, eficiente, mas, ainda sou obrigado a registrar ineficiências que renascem forte, oportunista e derrotando princípios que pareciam bons e consolidados.
Daí, não sei se a capital do Amapá vai deixar, a curto prazo, o indesejado lugar de “último da fila” no indicador de saneamento básico se, a parte de mais fácil solução, a drenagem, continua a “passos de tartaruga”.