Rodolfo Juarez

A recuperação asfáltica de ruas e avenidas de Macapá e de outras sedes municipais, e a colocação de asfalto em vias que ainda não haviam recebido esse tratamento, é uma realidade decorrente do bom fluxo de dinheiro de retorno devido às emendas parlamentares, o prolongamento do braço da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) que alcançou o Araguari, à outorga decorrente da privatização da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa), dos recursos destinados diretamente dos ministérios brasilianos por convencimento político e de dotações dos orçamentos municipais e do Estado.

O asfaltamento de ruas e avenidas é sabido e reconhecido como uma ação que tem resultantes políticas e sociais. As políticas são contabilizadas pelos prefeitos de forma direta, e as sociais, pela população que, quando carentes de outros serviços públicos, se regozija com o asfaltamento da rua que passa em frente á sua residência ou às proximidades dela.

O resultado político é rápido. Provavelmente seja, para o administrador municipal, aquele que chega com mais celeridade, impulsionando a aceitação da população e, principalmente do eleitor, às vezes distorcendo a própria capacidade eleitoral do gestor.

Nesse ambiente a vontade do gestor-prefeito é alimentada no sentido de fazer mais e mais asfalto, mesmo porque a parte da população que não viu o asfalto passar na sua rua ou perto da sua residência, faz movimento, de toda ordem, para que isso aconteça.

Nesse momento surge a vontade de entregar para a população mais metros de ruas asfaltadas, mesmo naquelas vias que não têm condições e, as necessidades anotadas no inverno que passou, deixam de ser prioritárias pelo oportunismo e, até a necessidade de recuperar prestígio político abalado por outras circunstâncias e exigências, como aquelas vindas do funcionalismo.

Mas janeiro chega e com ele vem a inauguração do período das chuvas. Bem, nesse momento, vem a lembrança de limpar os canais de drenagem, aqueles mesmos que foram listados para serem recuperado ou, pelo menos limpos… No verão passado.

Mas onde está o dinheiro que até esteve no orçamento, mas que foi remanejado para fazer mais asfalto.

Os canais são as verdadeiras veias da cidade. Em Macapá, por exemplo, não havia alagamento porque os canais coletavam as águas de chuva e as canalizavam ou para o rio Amazonas, ou para a Lagoa dos Índios.

Agora os canais estão obstruídos, mais rasos, sujos, abandonados. A cidade de Macapá tem uma rede importante de canais, todos funcionando e apenas dois com suas construções acabadas: o Canal da Mendonça Júnior e o Canal do Santa Inês. Nem mesmo o canal do Perpétuo Socorro, apesar de estar semipronto, há muito não recebe qualquer melhoria.

Cuidar dos canais é cuidar das veias e artérias da cidade. Doutra forma a cidade adoece e com doença perigosa e de difícil tratamento, decorrente do “infarto”, pelo entupimento das “veias” e “artérias”. O recurso do “cateterismo urbano” não oferece os resultados esperados.