Rodolfo Juarez

O momento recente, que pode ter marco inicial  em junho de 2014 e que teve registros de ocorrências importantes e pouco considerada antes desse ponto temporal referido, venho repartindo com os leitores os diversos estágios dos passos de um paciente renal crônico, decorrente da falência total dos rins.

Eu vivo em Macapá, no Amapá, desde os meus 13 anos de idade e hoje com 77 percebo que construí uma ligação importante com as pessoas e as coisas deste Estado onde desenvolvi e continuo construindo a minha atividade profissional como professor, engenheiro, jornalista e advogado.

O Estado do Amapá é um dos poucos estados em que não se dispõe de um ambiente hospitalar que possibilite o transplante de órgãos. As razões, confesso, não conheço. Pode ser um desleixo, inclusive meu, mas também pode ser falta de empenho daqueles que tiveram sob sua responsabilidade a obrigação de colocar à disposição da população uma sala de cirurgia e uma equipe médica para transplante, como noutros locais, aqui mesmo da Amazônia.

Esta realidade obriga que os que necessitam de um transplante de órgão tenham que se deslocar para outros estados da Federação para se habilitar a entrar na fila nacional de transplante, tendo que arcar com todas as dificuldades decorrentes de uma situação em que há um paciente com limitações em um ambiente pelo qual não teve oportunidade de trabalhar e que precisa se valer de regras impostas.

A constituição brasileira, no art. 196 define que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

O Supremo Tribunal Federal já destacou que a responsabilidade em garantir o acesso a saúde é partilhada e solidária entre os entes que compõem a federação. Que o caráter programático daquela disposição constitucional não afasta o dever do ente federado de fornecer os meios necessários para o gozo do direito à saúde.

Comecei a fase de buscar o transplante de rim depois de ter sido convencido de que fazê-lo por ser a melhor tentativa de alongar o período da minha vida.

Aceitei o conselho e tomei as primeiras providências, mesmo sendo informado do histórico do atendimento para o Tratamento Fora de Domicílio (TFD) e sabendo das dificuldades que terei que enfrentar em um ambiente diferente, noutra cidade e em outro estado.

Na semana que passou recebi da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, do setor de regulação, o comprovante de agendamento de consulta, no Hospital do Rossio, em Carpo Largo, na região metropolitana de Curitiba, a consulta em transplante de rim.

Já confirmei para o médico solicitante, João Barros Neto, que tem se constituído em um dos meus conselheiros e bom amigo nesse processo de explicação e, principalmente, de que vale a pena tentar.

Recebi também o apoio integral de minha família na empreitada que terá o começo no dia 26 de setembro, data da primeira consulta no Paraná e que já vem com a previsão de que a fila demora 3 a 4 anos para que o transplante seja realizado.

O meu colega de Colégio Amapaense, Raimundo Ubiratan Picanço e Silva, médico Ubiratan Silva, esteve comigo me incentivando, dando como exemplo ele mesmo, que é transplantado do fígado, com a operação feita em Porto Alegre.

Entendo, sinceramente, que já é tempo de se agir na praticidade e programar a disponibilidade de ambiente físico e equipe médica e paramédica para realização de transplante aqui em Macapá.