Rodolfo Juarez
Mais uma vez tenho que voltar ao assunto da macro e da microdrenagem da cidade de Macapá que, depois de completar 266 anos, ainda não tem estrutura para receber o volume de chuva que cai por aqui durante o inverno amazônico.
Por mais que se tente justificar o que aconteceu na última terça-feira de carnaval, a população não verá, nas justificativas, elementos que tenha substância suficiente para convencê-la de que se trata de uma questão que não pode ser prevista ou de uma situação enquadrável em caso fortuito.
O que está havendo é desleixo com a cidade.
Não dá para admitir que as autoridades do município de Macapá estejam convencidas de que os canis de drenagem estão prontos ou que assim devem ficar. Nada disso. Os canais de drenagem que coletam as águas da chuva precisam ser feitos, precisam ser construídos. O que a cidade dispõe hoje é de córregos naturais, sobre os quais a cidade avançou desordenadamente.
O exemplo mais claro pode ser observado no canal das Pedrinhas que começa na parte central da cidade e segue para o sul até encontrar a bacia de estabilização, construída para manter o equilíbrio da vazão quando a maré do rio Amazonas está alta.
O Canal da Avenida Mendonça Júnior é um exemplo de canal construído e pronto, precisando apenas de limpeza permanente, o que, diga-se, não vem sendo feito, estando, no momento, com os seus respiradores obstruídos por vegetação que precisa ser retirada para não prejudicar o funcionamento do canal.
É, seguramente, o canal da Avenida Mendonça Júnior um exemplo pronto e acabado para ser seguido.
Não adianta imaginar que o problema dos canais que cortam a cidade precisam apenas da limpeza bruta. Não, não adiante esse tipo de limpeza. Os canais precisam ser construídos para, daí em diante, falar em limpeza.
A situação do canal das Pedrinhas é a mesma do canal do Jandiá, do canal do Nova Esperança e de todos os outros que estão atendendo precariamente o sistema de drenagem pluvial da cidade de Macapá.
Macapá está com a sua planta de nível desatualizada, sem uso, criando problemas ao invés de orientar as soluções.
O sistema de drenagem de uma cidade é feito por gravidade, isto é, da posição mais alta para a posição mais baixa, isso significa dizer que não se pode construir a cidade, ou elementos da cidade, como calçada, meio-fio, asfalto, sem levar em consideração a plante de nível, uma vez que a água corre sempre do local mais alto para o mais baixo, repito.
O marco de cota definido em 1973, para a cidade de Macapá, pela Fundação João Pinheiro, quando da elaboração do Plano Urbano de Macapá, Santana e Porto Grande, foi cravado na mureta do muro de arrimo da frene da cidade.
Chamado COTA 2, o marco de nível definido naquele ano, precisa ser observado com relação à parte do sistema já implantado na mureta do muro de arrimo da frente da cidade e nos canais da Avenida Mendonça Júnior, do Perpétuo Socorro e do Mucajá.
É preciso obedecer a Cota 2 para não criar problemas maiores para a cidade, inclusive quando for definido o projeto de construção do canal das Pedrinhas e da lagoa de estabilização próximo à Rodovia Josmar Pinto.
Nenhuma água sobe. Ela sempre vai do lugar mais alto, para o mais baixo. Lição simples e, ao que parece, ainda não consta da regra da administração municipal do município de Macapá.