Rodolfo Juarez

Estamos vivendo os momentos iniciais do campeonato amapaense de futebol profissional, organizado pela Federação Amapaense de Futebol, e com a participação de oito clubes tradicionais.

O campeonato de futebol profissional local está programado para ser realizado no espaço temporal de 60 dias, em 32 partidas, e já começou!

Independente, Macapá, Oratório, Santana, Santos, São Paulo, Trem e Ypiranga fazem a lista de participantes e a competição repartiu a publicidade de início com a do aniversário da cidade de Macapá, que celebrava os seus 266 anos, no mesmo dia em que se realizava a primeira partida.

Erro de programação?

Não, não foi erro de programação e sim falta de visão holística, de valorização da totalidade das coisas e consideração de que tudo está interligado, inclusive o futebol com os acontecimentos sociais, mesmo sendo um acontecimento esportivo importante, que chama atenção e que tende a ter luz própria.

Também não foram considerados os outros agentes como o torcedor, a imprensa e os anunciantes, tornando o acontecimento fora de rota, sem a primazia que precisa receber e sem a propaganda que alimenta todos os grandes acontecimentos em uma comunidade.

O torcedor, para estar presente quando da realização dos jogos, precisa saber do preço do ingresso, de quais alternativas dispõe para chegar ao estádio, como será recebido no local dos jogos, o que vai ter de serviço dentro do estádio voltado para o torcedor, além do dia e horário em que serão realizados os jogos, além da forma que será adotada para se conhecer o vencedor da competição – o campeão!

Todas essas definições estão pré-tomadas, mas não foram divulgadas. O torcedor não as conhece.

O primeiro erro foi fazer a abertura da campeonato no mesmo dia da celebração do aniversário da cidade, e sabendo que, na hora da abertura da competição, se apresentarão as principais atrações trazidas para celebrar os 266 anos da cidade.

Falta de datas?!

Não, não é isso não. É possível atribuir isso a um erro básico, aquele de considerar o campeonato muito importante, a ponto de poder competir com o aniversário da cidade, nos moldes divulgados antecipadamente, conhecidos pela população e com grandes investimentos.

Noutras circunstâncias, poder-se-ia ter integrado a abertura do campeonato de futebol profissional à programação de aniversário da cidade, mesmo que para isso se comprometesse com um espetáculo cívico-esportivo, mas de apelo suficiente para o comparecimento da população que, certamente, despertaria a atenção do torcedor de agora e do futuro.

Outro problema é a forma como trata a parte da imprensa que se dedica ao esporte e, assim, ao futebol profissional.

O modelo de visão adotado pelos organizadores e principalmente pela Federação Amapaense de Futebol, quando trata com a imprensa, é inadequado, injusto e não possibilita a evolução do setor.

Hoje o futebol, em todas as partes do mundo, é um bom negócio. Porque aqui, nem mesmo na principal competição esportiva, não é?

Alguém está estudando isso?

Parece que não. Os organizadores estão apenas imbuídos de cumprir uma obrigação assumida há tempos.

Mesmo com a nova visão da CBF para com o profissionalismo no futebol, por aqui continuam amadores, e amadores primários.