Rodolfo Juarez
Hoje, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, vou conversar comigo mesmo e com vocês que observam o cotidiano sem esquecer o que já está catalogado na história de cada um, construída por caminhos, a maioria das vezes desejados ou abertos por cada um de nós.
Hoje vou evidenciar uma mulher, guerreira de nascimento, mãe que criou, na verdadeira acepção da palavra, 12 filhos permitindo que todos desenvolvessem as suas próprias habilidades, orientando para que encontrassem o conceito de vida que mais se adaptasse aos desejos e necessidades de cada um.
Uma mulher que nasceu ribeirinha, no interior do município de Afuá, filha de ribeirinhos autênticos, se casou aos 16 anos, sustentou o casamento até a morte do seu companheiro, marido e cúmplice, quando ficou com a responsabilidade de continuar a criação dos maiores, provavelmente a missão mais complicada, e dos menores que sabia necessitar preservar para não perder.
Para ter sucesso na missão que sabia precisar executar com qualidade, essa guerreira, viúva desde os 45 anos de idade, assumiu o comando da grande família com o rigor necessário, mas emoldurado por inúmeras gotículas de amor e acabado com doses generosas de paciência, compreensão e um poder de orientação difícil de ser praticado e que, entretanto, o fez com a sabedoria que tirou dos ensinamentos da própria vida.
Depois dos 45 anos de idade ainda teve tempo de se tornar empresária, garantindo a sua independência social e financeira, garantindo a sua manutenção e, ainda, se responsabilizando pelos filhos que não estavam com a vida definida e que, por isso, precisavam de orientação, proteção e amparo.
Os filhos e filhas que ainda não haviam completado o ensino superior precisaram dela em Belém do Pará. E lá vai ela para a cidade das mangueiras fixar residência mudando, mais uma vez, o seu modo de vida, justificada a decisão pela necessidade de continuar a orientação dos filhos órfãos de pais, que entendia ela, ter que fazê-los a sentir menos a falta do pai.
Aos 88 anos começou a sentir o peso da idade. Passou a reduzir o ritmo de trabalho à medida que os anos se somavam à sua idade. Um procedimento mais social do que de saúde passou a adotar dentro dos limites da possibilidade.
Enquanto teve força lutou bravamente, excursionou, dançou e extravasou a sua alegria e vontade. A dança era um dos seus fortes. Em uma comemoração de aniversário, isso depois dos 88, dançou a noite inteira e teve como pares os filhos, netos e bisnetos
Com 93 anos voltou para Macapá onde está no momento. Diz sentir a falta dos filhos que não estão por aqui e, também, dos filhos que estão aqui em Macapá.
Essa mulher é minha mãe. A dona Raimunda Pureza Juarez ainda faz questão de estar perto de todos. Ela quer estar perto dos filhos, netos, bisnetos e tataranetos, depois de lutar e vencer a luta das guerreiras especiais, mais valentes que os adversários da vida, o símbolo da família e a referência de todos.
Minha mãe, você é a minha baliza, minha referência de amor, de respeito, de vida e de tantas coisas importantes para todos nós, filhos, netos bisnetos e tataranetos da mulher de todos os anos.