Rodolfo Juarez

O que poderia ser uma escolha ou uma preferência do passageiros que precisa sair de Macapá com destino a Belém do Pará, ou sair de Belém do Pará para Macapá, se torna um opção ainda invisível para muitos daqueles que precisam fazer essa viagem.

Até agora, não fossem os estratosféricos preços das passagens de avião, o transporte por embarcação fluvial, muito mais confortável, não seria a escolha daqueles que já estão viabilizando a entrada no circuito Macapá/Belém/Macapá de embarcações confortáveis, seguras, que saem no horário marcado e que chegam, também no horário marcado.

Os donos das embarcações de passageiro ainda são obrigados a levar e trazer cargas para equilibrar o custo com a despesa. Ainda são eles aventureiros do rio, cheios de vontades e sonhos, que conhecem as dificuldades, mas que acreditam que podem, quem sabe um dia, contar com uma infraestrutura pública até agora ignorada por aqueles que podem modificar o quadro atual.

Melhoram, a olhos vistos, a qualidade e a segurança das embarcações e dos serviços prestados durante as viagens, mas, não melhoraram a infraestrutura necessária para completar o circuito com a disponibilidade de terminal de carga e passageiros, sinalização dos canais, identificação de práticos para o trecho, preparação de comandantes e da tripulação, fiscalização no embarque e no desembarque de bagagem e de carga, disponibilização de um sistema de comunicação com controle de trânsito e tráfego de embarcações.

Nenhum porto do município de Macapá ou de Santana conta com infraestrutura necessária e desejada pela Marinha do Brasil, através da Capitania dos Portos do Amapá, que se vê obrigado a homologar, por mais de 40 anos, o funcionamento do Porto do Grego, em Santana, fazendo isso com a tarja de “liberação precária”.

Hoje, o Porto do Grego oferece condições razoáveis de atracação, de segurança, de aspecto e de disciplina, inclusive na movimentação da bagagem acompanhada quando feita pelos trabalhadores de apoio.

Em Belém as dificuldades para atracação são menores por ter mais de um porto, nas condições do Porto do Grego, para ser utilizados, com condições também precárias.

A sinalização dos canais é uma questão de decisão. Não tenha dúvida que uma argumentação fundamentada motivaria o ministério da República ao qual incumbe o transporte fluvial, fazer a sinalização necessária dos canais, treinar e habilitar os práticos. Os comandantes e outros profissionais de convés ou cozinha, já são treinados e habilitados pelas respectivas Capitania dos Portos do Amapá e do Pará.

A instalação do sistema de controle de embarque, a exemplo do que faz quando do embarque em avião, pode ser perfeitamente instalado quando os terminais de passageiro estiverem construídos e funcionando.

A instalação do sistema de comunicação, em terra, para saber da localização da embarcação de passageiros durante as viagens fluviais, como no caso da navegação aérea, também é perfeitamente possível.

Mesmo com todas as dificuldades, hoje é muito mais em conta, confortável e pontual viajar em uma das embarcações fluviais que fazem o circuito Macapá-Belém-Macapá, entretanto, ainda não se compara com a oferta de espaço, fiscalização e serviço que é disponibilizado para o passageiro do avião no mesmo trecho.