Rodolfo Juarez
Entre os documentos que o candidato a prefeito deve entregar à Justiça Eleitoral deve estar o seu “Plano de Governo”.
Por enquanto o “Plano de Governo” é apenas um item a ser apresentado por ocasião do pedido de registro da candidatura, pouco importando o conteúdo, podendo ser uma lista de intenções, até um programa tão extenso que pode ficar fora da realidade e que pouco ou nada tem a ver com o cargo que pleiteia o candidato.
Essa situação tem levado muitos políticos, pretendente de cargos executivos, prefeitos, governadores e presidente da República, a apresentar um documento que serve apenas para cumprir um item da exigência e nada mais que isso, muito embora, durante a campanha, ou durante os debates, sempre remeta seu raciocínio ao que escreveu no tal “Plano de Governo.”
Analisando os diversos Planos de Governo, apresentados pelos candidatos ao cargo de prefeito em 2020, de cargo de governador, em 2022, não existe relação prioritária entre o que o prefeito ou o governador pode fazer e o que não tem condições de fazer.
Diante disso, considera o que está proposta no Plano de Governo como uma obrigação indisfarçável do candidato, tese que merece um exame mais apurado, senão, o tal Plano de Governo se transforma em uma fake news. É oportuno lembrar que as fakes news constituem situações das mais combatidas pelas regras e pelos discursos das autoridades responsáveis pelas eleições de 2024.
No caso de Macapá, eleições de 2020, uma apuração local feita pelo sitio G1, mostram que, dos 100% de promessas feitas pelo atual prefeito, depois de cumpridos 87,5% do tempo de mandato (3 anos e meses) apenas 22,22% das promessas foram cumpridas.
Um nível de erro muito alto!
Não foi só o prefeito de Macapá que garantiu o “troféu pinóquio”, todos os outros arrastam um espectro muito grande entre a quantidade de promessas cumpridas e a quantidade de promessas não cumpridas, considerando aquelas que estão oferecidas no Plano de Governo, entregue no momento quem que o partido pediu o registro da candidatura.
As desigualdades entre as eleições majoritárias e as eleições proporcionais já são grandes e esse módulo aumenta essa desigualdade.
Mentir não pode ser vantagem para quem quer que seja; acatar a mentira é o mesmo que aceitar o impacto que pode provocar na aceitação de um candidato mentiroso.
É óbvio que o candidato a um cargo eletivo, principalmente a um cargo executivo, precisa saber todas as circunstâncias dos problemas que vai enfrentar e cada detalhe dele.
Não dá para deixar o candidato à vontade para mentir. Já se tem conhecimento e histórico suficientes de candidatos que mentiram e a mentira ajudou, consideravelmente, no resultado da eleição.
A democracia não pode ser atingida pelo desempenho do candidato em discurso mentiroso, fora da realidade e que não implique em responsabilização. Não dá mais para experimentar anúncio de concessões ou de facilitações, quando o candidato tratar de uma área sabidamente problemática e que a anuncia com “resolvida nos próximos 4 anos”.
Aqui em Macapá, por exemplo, ninguém esquece do programa “Água para todos em 2010”. Estamos em 2024, 14 anos depois, e a água tratada continua para apenas 45% da população residente.