Rodolfo Juarez

Vou ser saudosista no artigo de hoje, 6 de setembro de 2024, entendendo que tenho motivos mais que suficientes para tal.

É bom a juventude de hoje saber e os maiores de 50 anos lembrar, de como era a preparação e a realização do que ficou convencionado chamar de “A Semana da Pátria”.

Colégio Amapaense – CA, Ginásio de Macapá – GM (antes Escola Industrial), Instituto de Educação – IETA (antes Escola Normal) e Escola Gabriel de Almeida Café (antes Colégio Comercial do Amapá – CCA), entre outras escolas, comandavam um processo que despertava o civismo e a amapalidade em um tempo de dificuldades de comunicação, mas de grande aplicação de dirigentes escolares, professores e alunos.

Um dia como o de ontem, 5 de setembro, era o dia da “abertura” das festividades cívicas, indo para a principal avenida da cidade, a Avenida FAB, as crianças dos jardins de infância e das escolas de 1.º grau, apresentar-se com mensagens diversas, inclusive pedidos de melhoria e manifestação de agradecimento, às autoridades do então Território Federal do Amapá, acomodadas em rústicas arquibancadas precariamente cobertas, mas nominadas de “palanque oficial”.

As bandas musicais do GM, do Exército e as bandas marciais de alguns dos colégios ficavam encarregadas de dar o “passo certo” para os pequeninos que, desde os primeiros anos na escola já eram estimulados a despertar o sentimento de respeito aos invioláveis símbolos da Patria, em um momento que se tornava significativo e emblemático.

Nesse período do mês, as bicicletas já estavam enfeitadas de verde e amarelo, com bandeirinhas nas antenas próprias ou improvisadas e fitas coloridas nos raios, e os veículos de duas, quatro ou mais rodas, além da bandeirinha nas antenas, símbolos nacionais, como lenços, faixas e adesivos já davam o tom de que todos estavam integrados a um só objetivo: render homenagem à Patria e ao rincão onde residiam.

No dia 7 de setembro, Dia da Patria, as forças apresentavam seus efetivos em desfile, homenageando a Independência do Brasil. Os passos certos, fortes e cadenciados faziam bater acelerado o coração dos brasileiros que estavam aqui, cientes de que cooperavam para a consolidação das conquista de outrora e desenvolviam papel importante do outro lado do rio Amazonas.

No dia 13 de setembro, Dia do Território, dia que marcava o aniversário de criação do Território Federal do Amapá. Nesse dia, desde muito sedo, os alunos dos educandários sabiam que tinham o tempo até meio-dia, uma hora da tarde, para apresentar os resultados dos seus experimentos científicos e as suas reivindicações, inclusive políticas, diretamente às autoridades que estavam no palanque oficial, sem medo e sem restrição.

Hoje, em 2024, isso já vem desde algum tempo, além de se ter perdido o caminho desenhado naquele tempo, se observa que os alunos sem entusiasmo cívico, sem compromisso com a educação, e sem praticar o direito que tem de reivindicar por uma sociedade melhor e mais comprometida com a qualidade de vida.

Fico triste quando recordo o período de preparação para a Semana da Pátria, que começava nos primeiros dias de agosto para os alunos, incentivados a participar de feira de ciências e a programação de inaugurações de ambientes socioculturais, administrativos e escolares, por parte do Executivo do Território, tudo com muita disciplina, civismo e respeito.

Diferentes dos tempos de hoje!