Rodolfo Juarez

Está terminando o mês de janeiro de 2025 e não se tem veiculação de notícia sobre acidente fluvial grave nos rios da Amazônia, inclusive naqueles rios pelos quais navegam as embarcações só com passageiros, ou com passageiros e cargas, que são utilizados pelos residentes em Macapá ou Santana para deslocamentos entre as diversas cidades localizadas na Amazônia.

O que aconteceu? Ou quais as melhorias havidas no sistema de transporte de passageiro, ou de passageiro e carga?

Depois de muitos acidentes, alguns que deixaram profundas marcas na história e na alma de pessoas que moram, ou moravam, em Macapá ou Santana, como: a do Barco Motor Novo Amapá, ocorrido na madrugada do dia 6 de janeiro de 1981, considerada a maior tragédia fluvial da Amazônia nos tempos modernos, quando morreram afogadas (oficialmente) 282 pessoas; como a do Barco Motor Cidade de Óbidos VI, ocorrida na madrugada do dia 26 de janeiro de 2002, quando morreram, afogadas, 7 pessoas; e, mais recentemente, no dia 29 de fevereiro de 2020, o naufrágio do navio Anna Karoline III, quando morreram afogados 39 pessoas.

As vítimas destes acidentes são de variadas idades: recém-nascidos, jovens, pessoas maduras e idosos, mas todos querendo viver e que tiveram sua vida encerrada precocemente e, certamente, com muito sofrimento para os que morreram e para os que os esperavam chegar.

Os inquéritos abertos pela Capitania dos Portos, pela Polícia Civil ou pelo Ministério Público ou são inconclusos, ou não são divulgados.

Os terminais de passageiro, ou de passageiro e carga, não são construídos, muito embora anunciados por agentes públicos das mais diferentes esferas de governo. A comoção do “dia seguinte ao acidente”, a cada vez, impulsiona os mandatários a ter vontade de resolver uma questão, mandando construir os terminais e que atenderiam mais pessoas do que o aeroporto internacional em Macapá.

Os donos das empresas de transporte de passageiro, ou de passageiro e carga, melhoraram a qualidade e a segurança das embarcações, construindo unidades com condições de flutuação, manobrabilidade e autonomia, utilizando projetos adequados, inclusive com motores de reserva para atender previsíveis necessidades.

Agora cabe ao setor público, tanto aquele que precisa cuidar da infraestrutura, como aquele que precisa cuidar das regras de navegação e, junto com isso, um sistema de fiscalização adequado e do conhecimento de passageiros, donos de unidades de navegação e fiscais, além de definição de rotas com um sistema de comunicação monitorado a partir de uma central em terra que possa orientar os comandantes das embarcações.

Reinstalar uma unidade da Capitania dos Portos em Laranjal do Jari ou Vitória do Jari e sinalizar, nem que seja em cartas, as rotas obrigatórias de navegação.

Dois filhos, um cunhado e eu, somos sobreviventes do naufrágio do Navio Cidade de Óbidos VI ocorrido no final da madrugada do dia 26 de janeiro de 2002. Eu, meus dois filhos e meu cunhado, juntamente com os outros 90 passageiros, somos sobreviventes, entre estes estavam: deputados federais e deputados estaduais (pelo Estado do Amapá) e prefeitos e vereadores (de Macapá, Santana e Mazagão). 7 dos passageiros faleceram!

Essa história, como as histórias dos sobreviventes do Novo Amapá (1981) e do Ana Karolina (2020), entristecem e aborrecem!